NO LUGAR CERTO E NA HORA CERTA
Os três meses que passou estudando espanhol em Barcelona, na Espanha, valeram a Patrícia Moretzsohn escrever sua primeira novela. Tudo bem que a idéia não saiu de sua cabeça. Afinal, “Floribella”, a novela que a Band exibirá a partir de março, é uma adaptação da argentina “Floricienta”. A roteirista, que já trabalhou em “Malhação”, em programas infantis da Globo e em “Estrela-guia”, já tem 15 capítulos escritos e segue os passos da mãe, a novelista Ana Maria Moretzsohn.
— Eu estou fazendo a tradução e adaptando a realidade das tramas para a nossa. Por exemplo: há um personagem que, no original, é tenista. Então o transformamos em surfista carioca — explica Patrícia, de 29 anos, que está terminando um mestrado em letras. — Assisti a mais de 80 capítulos da versão argentina e agora tenho que imaginar aquela galera morando no Rio de Janeiro. Queremos que o público veja a novela e saiba que ela se passa aqui. Vai ter muita paisagem.
Patrícia acha que, pela segunda vez na vida, estava no lugar certo na hora certa. Em 1995, quando tinha 18 anos e acabava de sair da Oficina de Roteiristas da Globo, foi chamada para integrar a equipe de “Malhação”.
— Fiquei sete anos na emissora, até que saí para estudar. E, agora, de novo: precisavam de alguém que soubesse espanhol e aqui estou eu — vibra ela, que garante que sua escolha profissional foi bem natural. — Eu cresci neste meio de televisão e escrevo desde que me entendo por gente. Lembro que algumas vezes escrevi cenas para as novelas da minha mãe, ela corrigia, dava conselhos...
A história de “Floribella” tem cara de dramalhão latino, como não poderia deixar de ser. Mas Patrícia promete botar muito humor nas cenas. A trama gira em torno de Maria Flor, uma menina pobre, cuja mãe morreu. Ela mora numa pensão sozinha e não tem a menor idéia de que é herdeira de uma grande fortuna.
— Flor é filha do falecido marido de Malva, a vilã da novela. Ela mora com as duas filhas e o afilhado, Frederico, que é o príncipe encantado de Flor — conta Patrícia. — Malva sabe que há uma filha bastarda, mas não sabe quem é. Flor vai acabar morando na mansão, para ser babá dos cinco irmãos pequenos de Frederico. Eles se apaixonam, mas ele é namorado da Delfina, a filha má de Malva.
Não estranhe. Você já ouviu uma história parecida em algum lugar...
— Flor é uma cinderelazinha mesmo — assume a autora. — Mas não é nem um pouco passiva. Canta numa banda, faz besteira, é atolada e fala esquisito.
Mas, esquisito como?
— Uma de suas manias é inventar palavras. Vai ter muito humor, é uma novela bem modernosa — promete.
