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Jornal/Revista: O Dia
Data de Publicação: 12/11/1989
Autor/Repórter: Lucilea Cordovil

CRIME MUDA RUMOS DE KANANGA DO JAPÃO

A novela Kananga do Japão, da TV Manchete, vai sofrer em breve uma grande virada: já foram gravadas as cenas em que Dora (Christiane Torloni), indignada com uma charge maliciosa publicada na Análise, o jornal do Noronha (Cláudio Marzo), onde ela aparece entre o marido Danilo (Guseppe Oristânio) e o amante Alex (Raul Gazollatiros dois), mata o jornalista com três tiros-dois no peito e um na barriga.

O crime acontece na redação e para dar mais realismo à cena, o autor Wilson Aguiar Filho baseou-se em um fato que abalou a sociedade carioca nos anos 30: o assassinato do irmão do escritor Nélson Rodrigues, o pintor desenhista Roberto Rodrigues. Ele foi morto a tiros na redação do jornal A Crítica - de propriedade de seu pai, Mário Rodrigues - pela colunável Sílvia Thibau, depois que saiu publicada uma charge picante envolvendo ela e um político.

Da mesma forma, Dora não perdoa a tentativa de Noronha de desmoralizá-la publicamente e lava sua honra com sangue. Para a gravação, foram utilizadas balas de festim, pólvora e muito sangue artificial. Com bastante pudor para segurar o revólver calibre 32 - já que nunca havia manuseado uma arma - a atriz Christiane Torloni não escondia sua preocupação. Queria ter certeza de que estava realmente descarregada. "Não tem nada mesmo nesta arma, não é?", indagava momentos antes de entrar no estúdio.

As cenas, sob a direção de Marquinhos e supervisão de Tisuka Yamazaki, foram feitas em absoluto silêncio. Dora, profundamente abatida, sem pronunciar uma palavra, entra vagarosamente na redação do Análise, se dirige à sala de Noronha e, o surpreende falando ao telefone. Ao vê-la, já com uma arma apontada em sua direção, o jornalista ainda tenta abrir a gaveta de sua escrivaninha e apanhar o seu revólver. Mas os três tiros de Dora, à queima-roupa, são certeiros. Noronha só tem mesmo tempo de cair morto no chão.

Nas vestes do ator Cláudio Marzo foram colocadas placas de sangue artificial e pólvora com detonador. Na boca, o ator levava uma cápsula de sangue também artificial. A cena foi tensa, mas tudo saiu de acordo com que os diretores desejavam.

HANNAH CASA-SE COM HENRIQUE MESMO SEM PERMISSÃO DOS PAIS - Aos 4 meses de gravidez - a criança será um menino -, finalmente Hannah (Cristiana Oliveira) realiza o seu grande sonho: casar com Henrique (Paulo Castelli). A cerimônia acontecerá nos próximos capítulos de Kananga do Japão, na TV Manchete, e será realizada apenas no civil, porque o comunista está em processo de conversão ao judaísmo e ainda não recebeu permissão do rabino para que a união seja oficializada numa sinagoga.

Apesar da alegria, por ver legalizada a sua situação com Henrique, Hannah sente uma mágoa profunda porque seus pais, Saul (Sérgio Viotti) e Eva (Riva Nimitz), não aceitam de forma alguma seu amor por um homem cristão e muito menos a sua gravidez. E se negam a comparecer ao casamento, realizado na pensão Maravilha, de Josephine (Rosamaria Murtinho) e Epílogo (Rubens Corrêa).

"Hannah ainda tenta receber o perdão dos pais, inclusive pedindo a Saul para que ele pense no neto que irá nascer. Mas o judeu, muito radical, responde que não poderá pensar em neto, já que não tem mais filha", conta Cristiana Oliveira.

Para padrinhos, Hannah e Henrique chamam Epílogo e Josephine, que não consegue esconder a emoção pelo convite, pois vem atravessando momentos muito difíceis na sua relação com o marido.

Epílogo, por sua vez, embora aceite ser padrinho do casal, recusa-se a participar da festa de casamento, oferecida pela própria Josephine, também na pensão Maravilha. Tudo porque lá estará Jofre (Jorge Crespo), o filho negro que nasceu da relação entre Josephine e Juca (Haroldo Costa).

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 10742