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Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 27/03/2005
Autor/Repórter: Isabelle Moreira Lima

"FLORIBELLA" CHEGA EMBALADA PARA VENDER

Versão de novela que estourou na Argentina estréia dia 4 de abril na Bandeirantes sob forte estratégia comercial

Muito mais que ficção ou entretenimento, "Floribella" mostra que novela agora é também um ótimo negócio. Com estréia marcada para o dia 4 de abril, o programa, que marca a retomada da teledramaturgia da TV Bandeirantes depois de seis anos ("Meu Pé de Laranja Lima" foi a última a ser exibida pela emissora, em 1999), tem trama, fórmula e formato já consagrados na Argentina, onde foi exibida no início do ano passado pelo Canal 13.

No país, além do programa de TV, "Floricienta" -como foi batizada lá- virou marca de mais de cem produtos como tênis, bolsas, perfume, maquiagem, mochilas, álbum de figurinhas, roupas, CDs e cadernos, segundo informa a produtora Cris Moreno, autora da idéia e de outros programas como "Chiquititas".

No Brasil, a Bandeirantes, que divide a produção com a argentina RGB (de "Popstars"), investirá US$ 5 milhões (cerca de R$ 13,6 milhões) em 170 capítulos para transformar a novela em uma febre semelhante.

Segundo o vice-presidente da rede, Marcelo Parada, o apelo comercial é importante, mas "não determinou a escolha da história". Mesmo assim, o programa já estréia com estratégia comercial fechada e subprodutos quentes: tem como carros-chefes o CD de canções originais gravadas pelo elenco, produzido em parceria com a Universal, e o tênis Bamba Floribella -fruto da associação da emissora com a Alpargatas-, que, com seu cano alto colorido e dobrável, deve aparecer exaustivamente nas cenas e na abertura da novela e nos intervalos.

Além disso, a trama, que para Marcelo Parada "remete ao sonho e à fantasia", é um prato cheio para anunciantes e seus merchandisings. As Casas Bahia foram o primeiro grupo a comprar uma cota de patrocínio. Já a doceria Kopenhagen terá uma lojinha fixa no set da novela que funcionará como cenário em partes da trama.

A Bandeirantes também sonha com frutos para depois do fim de "Floribella". A rede espera que, assim como aconteceu na Argentina, a novela se transforme em sucesso no teatro com uma turnê de shows, interpretados pelo elenco original. Sobre a expectativa em relação à audiência, Parada é modesto: "A programação que a gente tem hoje no ar no horário dá em torno de quatro ou cinco pontos. O que nós imaginamos é que a novela dê pelo menos os cinco pontos que já dá hoje".

Broadway - Para a Band, "Floribella" é uma comédia romântica do tipo "Cinderela do século 21" que vai pegar o público infantil, principalmente por ter elementos como "música, alegria, cor e romance", tal qual um musical da Broadway, segundo a diretora-geral Elisabetta Zenatti, da RGB. A novela, na verdade, é quase uma "Noviça Rebelde", já que a heroína assume função de ajudante de governanta e deve cantar pelo menos uma vez a cada capítulo da trama em clipes, apresentações de sua banda (sim, ela tem banda e é a vocalista) ou até dormindo, em sonhos.

Vivida por Juliana Silveira, 25, a protagonista perdeu a mãe cedo e não tem família. Sem dinheiro ou endereço, consegue o emprego para cuidar dos irmãos mais novos da rica família alemã Fitzenwalden. Nas horas vagas, ensaia e se apresenta com sua banda de amigos adolescentes.

Na casa onde trabalha, conhece o príncipe encantado, o filho mais velho, Frederico -vivido por Roger Gobeth, 31-, por quem vai lutar. Os dois atores vêm da "Malhação", da Globo (Juliana chegou a protagonizar a novela adolescente).

Todos os outros personagens do cruzamento das histórias estão lá: há a vilã/madrasta (Suzy Rêgo), a rival filha da vilã (Maria Carolina Ribeiro), as crianças fofas e os adolescentes engraçadinhos. De quebra, há ainda Zezé Motta no papel da cabeleireira Titina, madrinha e mãe adotiva de Flor.

Para fazer Floribela, Juliana Silveira teve de aprender a cantar. Fez aulas de canto e dedicou-se ao trabalho em estúdio por quase dois meses. No fim, o resultado foi positivo em sua avaliação. "Me surpreendi com a minha voz", afirma a atriz.

Por outro lado, com o passado de "angeliquete" (assistente de palco da apresentadora Angélica), Juliana diz que não teve problema para aprender as coreografias da novela e não se preocupa com as apresentações ao vivo em teatros.

Talvez Juliana não se preocupe porque o nível de dificuldade das coreografias não é alto. Esse é mais um elemento que turbina a fórmula para agitar futuros contratos. A conta de "Floribella" é essa: some músicas e coreografias fáceis a uma novela colorida. O resultado são crianças "viciadas" e contratos de patrocínio, merchandising e muitos subprodutos. Pelo menos é nisso que a Band aposta.

''FLORICIENTA'' TERÁ ''CARAS DIFERENTES EM OUTROS PAÍSES - "Floricienta", a "hermana" argentina de "Floribella", pode ser considerada a "Chiquititas" dos anos 2000. Entre seus feitos está o de triplicar a audiência do Canal 13, que a exibiu no início de 2004, e o de levar o primeiro CD da trilha original da novela ao posto de número um das paradas argentinas. "Floricienta" também emprestou sua marca a mais de cem produtos -entre eles até uma revista quinzenal para pré-adolescentes- e ganhou quiosques nos principais shoppings argentinos.

A Bandeirantes, segundo a criadora da novela e compositora das canções, Cris Moreno, empolgou-se pela novela ainda no fim do ano passado, quando a direção da TV assistiu a um show de Floricienta e sua banda, com 90 mil pessoas. "Foi um fenômeno porque todas as crianças e adolescentes se identificaram. Não só com a história e os personagens mas também com as roupas, com as cores, a música", disse Moreno, que hoje produz a segunda temporada da novela, que estreou há uma semana no mesmo Canal 13.

O sucesso argentino fez com que "Floricienta" fosse vendida para mais de 20 países e ainda recebesse diferentes versões adaptadas, de acordo com cada um deles. Além da brasileira, "Floricienta" terá "cara" espanhola, mexicana e chilena.

No Brasil, Patrícia Moretzsohn e Jaqueline Vargas são responsáveis pela adaptação do texto. O figurino também foi todo adaptado para fugir do visual "mexicano-argentino". O CD da novela foi a primeira adaptação feita no país. Apesar de serem temáticas e de acompanharem os acontecimentos da trama, o CD brasileiro terá adaptações e versões inéditas.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 107964