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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Dia Data de Publicação: 19/11/1989 Autor/Repórter: Sandra Malafaia
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JÚRI ABSOLVE DORA DA MORTE DE NORONHA
Depois de muito suspense em torno do destino da heroína da história de Wilson Aguiar Filho, Kananga do Japão (Rede Manchete), finalmente é chegada a hora do julgamento de Dora (Christiane Torloni). Apoiada pela opinião pública, que sentia aversão a Noronha pelas difamações publicadas em seu jornal, e defendida por Cesário (Jonas Melo) - o advogado que Alex (Raul Gazolla) contratou sem que ninguém soubesse, Dora é absolvida pela maioria dos jurados.
As cenas foram gravadas na última quarta-feira, no Tribunal de Alçada Criminal, na Rua Dom Manuel, no Centro da Cidade, e contaram com a presença de 250 figurantes, sete deles como jurados. Participaram também do julgamento os atores Cleber Drable (o juiz) e Leonardo José (o promotor).
Acusada de ser uma mulher sem honra e de ter assassinado Noronha única e exclusivamente por vingança, e apesar do depoimento de Letícia (Tônia Carrero) de que não confiava na nora, Dora contou com o apoio de Chico Viana (Carlos Alberto). Ele afirmou que ela sempre foi equilibrada e honesta, sendo a nora que qualquer homem gostaria de ter. Chico disse que a charge era mentirosa e que Noronha não tinha caráter.
Como era esperado, Alex estava presente para ajudar Dora. Ele conseguiu permissão para transmitir o julgamento pela rádio Carioca e mandou o comentarista da rádio só falar bem de sua amada.
EXPERIÊNCIA MARCANTE - Como atriz, Christiane Torloni está passando por uma experiência totalmente nova e difícil na sua carreira: matar um homem e ser julgada por este crime. E, ainda que seu personagem tenha cometido tão dramático ato em defesa da sua reputação, Christiane considera "quase impossível a recuperação moral de quem comete assassinato", como afirma.
Dora, porém, não vai se deixar abater e, como um camaleão, brevemente estará de volta ao Grêmio Recreativo Carnavalesco Familiar Kananga do Japão, desta feita cantando de uma forma teatral e se apresentando como dançarina ao lado de Duque, vivido pelo dançarino profissional Carlinhos Jesus. Mais um personagem real que entra na história de Wilson Aguiar Filho, que nos anos 30 foi reconhecidamente um dos melhores dançarinos do País.
Segundo Cristiane, o seu trabalho em Kananga vem lhe dando muitos prazeres, entre eles a oportunidade de dançar.
Dora chegou na hora exata. Ela não poderia ter surgido há 2 anos, como também não poderia acontecer daqui a 2 anos. Se eu fosse um pouquinho mais jovem não iria segurar a virada da personagem daqui pra frente, até por falta de vivência. A gente, quando vai ficando mais velha, vai ficando também menos escrupulosa, mais despudorada, como diria o Rubens Corrêa. E a falta de pudor nos deixa com menos medo de fazer as coisas.
A atriz ressalta que Dora jamais poderia continuar sendo a mesma pessoa. "Acho que agora ela está mais preparada para ir em frente, num desabrochar. A continuar assim vamos chegar ao final da novela com a sensação de missão cumprida, porque para Dora convergiram todas as personagens que já interpretei."
Mas ela não deixa de lembrar com profundo carinho, alguns papéis que lhe deram a oportunidade de "voar lindamente" (como a Fernanda de Selva de Pedra e a Jô de A Gata Comeu. "Sou uma coisa assim... meio monogâmica. Se estou vivendo um bom personagem há meses, acabo ficando completamente envolvida por ele".
Juliana, de Duas Vidas, que marcou sua estréia na telinha, também está guardada no seu coração. "Ela me fez sentir um pânico total. Mas foi com a Juliana que tive a chance de freqüentar atores de primeira grandeza como Betty Faria e Francisco Cuoco".
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 10806