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Nova Consulta

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 11/07/1990
Autor/Repórter: Hélio Muniz

A MUSA DA 'BOCA DO LIXO'

A modelo Sílvia Pfeifer estréia como atriz

O avião Pfeifer, prefixo Sílvia, pede autorização para decolar rumo à TV. E vai pousar na minissérie "Boca do lixo", que estréia na próxima terça-feira, às 22h30m, na TV Globo.

Como modelo, Sílvia Pfeifer já fez de tudo: desfilou roupas de Giorgio Armani na Europa, foi musa do performático Fausto Fawcett e é uma das profissionais mais disputadas do País. Só que ela quer voar mais alto agora e tentar a carreira de atriz.

Sílvia não é a primeira a trocar os desfiles pelas telas. Com a coroa de Mis Brasil, Vera Fischer se transformou em musa dos filmes pornô-chique de Walter Hugo Khouri. Depois veio Luma de Oliveira e a mulher-onça Cristiana Oliveira, que largaram carreiras de sucesso como modelo para virarem atrizes.

A viagem de Sílvia Pfeifer rumo às telas começou em 1988, quando ela fez um teste para o filme "A grande arte", de Walter Salles Júnior. Foi aprovada e seria o principal papel feminino da história. Para agüentar tanta responsabilidade, teve cinco meses de aulas de interpretação com Bia Lessa, que se transformou numa espécie de guru da modelo. As filmagens de "A grande arte" atrasaram muito e Sílvia perdeu o papel.

Eles me deram um doce, eu provei e, em seguida, o tiraram da minha mão - queixa-se.

Em 1989, Sílvia passou uma longa temporada em Nova York, trabalhando como manequim. Quando voltou ao Brasil, decidiu procurar algum tipo de trabalho como atriz. Com os testes para o filme guardados, ela decidiu fazer novos cursos de interpretação. Foi quando Bia Lessa entrou em cena novamente:

- Procurei a Bia para fazer alguma espécie de curso, mas ela disse que eu já estava pronta para ir à luta. Ela ainda levou meus testes à Globo e me apresentou a Daniel Filho, que adorou minhas cenas.

Mas da conversa com Daniel Filho não saiu nada, apenas uma promessa. Dois meses depois, começou a acontecer tudo junto. Primeiro Bia Lessa chamou-a para encenar a peça "Orlando", em São Paulo. No mesmo dia em que começaram os ensaios o diretor de novelas Paulo Ubiratan procurou Sílvia, querendo que ela fizesse um teste. No meio dessa história toda, o diretor Roberto Talma enviou para a modelo uma sinopse de "Boca do lixo". Sílvia topou imediatamente, mas havia um problema: a peça. Nova consulta ao oráculo Bia Lessa e Sílvia resolveu partir para a televisão:

- Eu acredito que me dou bem com a dinâmica da câmera. Cinema e TV me atraem muito, mas não desisti de fazer teatro não. A hora ainda vai chegar.

A minissérie teria que ser toda gravada em 30 dias. Mas Sílvia não se arrependeu da opção que fez. Ficou 20 dias em Avaré, no interior de São Paulo, sem ver a filha ou o marido, mas acha que o resultado foi bom:

- Me dei bem com o pessoal, todo mundo foi muito legal comigo. E cheguei a gravar muitas cenas de primeira, não tive dificuldades em achar o clima certo para as cenas. Em relação ao pique de trabalho, não estranhei nada. Como manequim, tem semanas em que a gente não pára, exatamente como na TV.

A INATINGÍVEL TENTA SOBREVIVER - Quem conhece Sílvia Pfeifer das passarelas e fotos de moda vai tomar um susto com "Boca do lixo". Sensual e agressiva, ela interpreta uma atriz decadente, que trabalha em peças pornográficas para sobreviver. E que se mete numa trama policial ao se casar por interesse com um milionário, interpretado por Reginaldo Faria. Isso é quase tudo o que se sabe sobre a minissérie. A trama está sendo guardada pelo diretor Roberto Talma em segredo maior do que aquele que envolve a receita da Coca-Cola. O autor, Sílvio de Abreu, encheu a história de referências cinematográficas e literárias. A principal é "O destino bate à sua porta", livro de James Cain em que a personagem feminina é pouco menos que o demônio. E assim que a personagem de Sílvia vai aparecer.

- As pessoas têm uma imagem idealizada de mim, uma coisa de mulher inatingível, meio musa. Nesse papel, sou uma pessoa normal, tentando sobreviver num lugar difícil.

Sílvio de Abreu também emprestou a "Boca do lixo" sua experiência como roteirista de pornochanchadas. E esse ambiente marginal que foi retratado na série, que ainda não terminou de ser editada. Por isso Sílvia não avaliou ainda o seu trabalho:

- Só vou poder saber quando o programa for ao ar.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 12785