PUC-Rio

Voltar

Nova Consulta

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 20/01/1971
Autor/Repórter: Valério Andrade

A NOVA CHANCE

De agora em diante, teremos Cidinha Campos no seis. A primeira vantagem, de efeito imediato, advém da alternativa recém-criada para o telespectador, que, até então, via-se obrigado a desligar a TV ou ficar vendo e ouvindo o som da Discoteca do Chacrinha.

Com o lançamento de Cidinha Livre, a Tupi criou a esperada alternativa e estabeleceu a concorrência em condições de igualdade. O novo programa surge no vídeo encontrando a brecha de audiência criada pelos telespectadores que já cansaram dos repetecos semanais do Chacrinha e por todos aqueles que vêem a televisão com olhos mais exigentes.

A oportunidade é boa. Resta saber se Cidinha Campos saberá aproveitar a chance e terá fôlego e imaginação para conquistar o público livre.

ASCENSAO

Ex-assistente dos programas de Hebe Camargo, antiga integrante da Família Trapo, a jovem Cidinha Campos veio alcançar o estrelato e conhecer a glória proporcionada pela televisão através do Dia D e na condição de repórter e animadora.

Realizado com bossa, mobilidade geográfica e engenhosa ilustração visual, o Dia D logo se destacou na programação da TV Record como o melhor programa do gênero, tendo em Cidinha Campos uma profissional eficiente e destemida, que, vencendo toda série de obstáculos, programados ou não, conseguia levar a cabo a missão jornalística e elevar a cotação da Recorde no quadro do IBOPE paulista.

QUEDA

Um dia, a antiga repórter resolveu mudar de programa e de imagem pessoal, num salto arriscado e mal calculado, que resultou numa queda dupla: a sua e a da audiência.

Lançado com grande estardalhaço, Cidinha 70 foi talvez o programa mais pretensioso e frustrado da temporada passada. Além de um tom pseudo-intelectual, do enfoque mais provinciano do que sofisticado, o programa apresentava a nova imagem de Cidinha: cabelos encaracolados, pessoalmente afetada, profissionalmente autoritária. Uma espécie de Joan Crawford em miniatura, no seu crepúsculo estrelar, quando pretendia ser Bette Davis e era apenas pernóstica e chata.

Essa a impressão registrada na estréia de Cidinha 70, que, aliás, nem chegou a emplacar o ano. Da antiga imagem, jovial, comunicativa e informal, só restavam os tapes do Dia D.

CHANCE

A julgar pela apresentação de Cidinha Livre, quarta-feira passada aqui no Rio (canal 6: 20h30m), a animadora resolveu voltar ao antigo estilo, informal e despretensioso. Levando-se em conta o espírito do carioca, com seu humor demolidor, ela dificilmente teria pulado a fogueira da estréia se tivesse aparecido com a makeup exterior de Cidinha 70.

Para programa ao vivo, sujeito às limitações do palco, Cidinha Livre nos apresentou um cartão de visitas diversificado e movimentado. Além das falhas habituais às estréias, e em particular aos programas ao vivo, faltou-lhe ritmo interior, objetividade jornalística e uma participação mais atuante por parte das câmaras.

Como chamariz, a idéia do 14º salário e ótima. O quadro dedicado aos jovens. com mini-entrevistas, números musicais (Hair), depoimentos de personalidades (Dr. Reinaldo Delamare) não só funcionou bem como transcorreu dentro do ritmo certo. Já o da Personalidade Oculta, embora potencialmente interessante, alongou-se demais, mostrando-se prolixo, só não resultando num desastre porque Flávio Cavalcânti é um ator que domina a tevê e sabe, irritando ou seduzindo, manter o foco de atenções sobre sua pessoa. De qualquer forma, tais falhas serão facilmente corrigidas no futuro, dinamizando o conjunto e valorizando os detalhes.

Voltar

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 132