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Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 04/11/1990
Autor/Repórter:

DO SUCESSO NA MODA À ESTACA ZERO NA TV

Brilhar nas passarelas internacionais é um sonho que só uma seleta minoria de modelos brasileiras consegue alcançar. Sílvia Pfeifer é uma privilegiada que faz parte dessa lista há 13 anos, quando decidiu ingressar na carreira de manequim. Hoje, aos 32 anos, ela tem novos planos profissionais. Depois de estrelar a minissérie "Boca do lixo", Sílvia 'faz a primeira novela de sua carreira de atriz. E é como a vilã Isadora Venturini, de "Meu bem, meu mal", que ela quer provar que por trás da beleza existe talento.

Até 1988, Sílvia Pfeifer tinha seu nome vinculado apenas à moda. Mas a possibilidade de integrar o elenco do filme "A grande arte", de Walter Moreira Salles, a fez ter aulas de interpretação e voz com Bia Lessa e Glorinha Beutenmüller, respectivamente. O filme, porém, acabou não sendo feito por Sílvia que foi substituída por uma atriz americana. Ela recorda:

- Foi uma frustração muito grande, mas comecei a gostar e me dedicar a essa nova oportunidade que estava surgindo na minha vida: a de representar.

Cursos e testes gravados em vídeo com a amiga Bia Lessa, que Sílvia chama de "guru", foram algumas das providências que a então modelo Sílvia Pfeifer tomou, já que queria começar a traçar uma nova trajetória profissional. Começava o incentivo para que ingressasse na televisão.

- Eu, achava que seria uma experiência interessante para a Sílvia, porque daria uma velocidade de aprendizado, e disse que ela tinha que ir à luta - diz Bia Lessa.

Foi -a própria Bia quem levou Sílvia à Rede Globo em abril deste ano. A direção da emissora aprovou os testes em vídeo apresentados por Sílvia, e quando se preparava para integrar o elenco da peça "Orlando", em São Paulo, recebeu o convite de Roberto Talma para participar da minissérie "Boca do lixo". Paulo Ubiratan chegou a cogitar seu nome para fazer "Riacho doce", mas por causa de seu tipo físico - nada brasileiro - foi descartada desse segundo convite.

- Recebi a proposta às 22h30m, a sinopse às 23h20m, no dia seguinte disse "sim" e era 48 horas estava gravando. Foi tudo tão rápido que não tive tempo para realizar a situação na minha cabeça. Por isso, quando ouvi o "gravando" do diretor na primeira cena que fiz em televisão, nem fiquei tão nervosa como aconteceu agora na novela das oito.

A princípio, Sílvia Pfeifer faria a próxima novela das 19 horas, mas os planos mudaram e a atriz não resistiu ao convite do diretor Paulo Ubiratan para viver a vilã na novela de Cassiano Gabus Mendes.

- A Isadora é uma personagem forte, decidida, autoritária, prepotente e isso me as sustou muito. Com a minha insegurança e inexperiência, trazer toda essa postura arisca não foi fácil. Apesar de não sabermos a origem dela, acho que não veio de uma família humilde, mas teve que aprender a lidar com o poder e saber se colocar no clã dos Venturini.

Sílvia espera não ter problemas nas ruas por conta das falcatruas armadas pela personagem, e como a considera muito chata, está sentindo pena de Isadora.

- Ela é tremendamente infeliz e isso me desgasta muito. Mas como atriz iniciante, considero essa faceta um grande desafio. Mas acho que ela vai se tornar uma vilã até simpática por causa dessa infelicidade dela. Não conseguirá nada do que quer na vida!

Essa primeira experiência de Sílvia Pfeifer em novelas é o que ela qualifica de "começar do zero'' para quem vem, desfilando em Milão, Paris e outras cidades européias. Giorgio Armani, Christian Dior, Chanel, entre outras grifes sempre cobiçaram os 1,80 m e 58 quilos de Sílvia Peifer durante esses últimos anos. Com a simplicidade que faz seus olhos brilharem, ela fala do trabalho e da imensa responsabilidade que tem como profissional:

- Eu atingi um nível de respeitabilidade na minha carreira de modelo, que recomeçar em outra carreira não é nada fácil. Já estou numa idade que amadureci e me realizei numa série de coisas. Não que eu queira ser mais ou tão grande agora, mas tenho a meta de procurar ser boa naquilo que faço. Sou exigente comigo. Agora, o fato de estar ciente disso, me dá mais equilíbrio para saber onde estou pisando.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 13851