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Nova Consulta

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 01/04/1971
Autor/Repórter: Valério Andrade

CBA

A fase inicial dos Correspondentes Brasileiros Associados revelou-se singularmente frustrante para os telespectadores. Lançado com a amarga missão de substituir o mais célebre e sólido informativo de nossa TV, não logrou a tarefa de substituir o Repórter Esso e ainda fracassou redondamente em relação aos seus próprios objetivos.

E a reação dos teleouvintes logo se fez sentir. Em artigo anterior, publicado por ocasião do advento do CBA, apontamos as suas deficiências básicas e revelamos a média opinativa dos leitores. Faltava-lhe vibração jornalística e comunicabilidade humana, além, naturalmente, dos indispensáveis recursos técnicos.

Não se pode pretender fazer um telejornal de integração nacional com três ou quatro locutores dentro do estúdio. Mas o CBA achava que isso seria possível. Ninguém pode ler uma notícia como se estivesse fazendo um favor ao telespectador. Mas isso acontecia no CBA. Não é lógico que se dispensem os serviços de um profissional de alto gabarito, consagrado pela opinião pública, com 18 anos de vídeo e dono de uma imagem insuperável em termos de TV. Mas o CBA achou que a presença de Gontijo Teodoro era supérflua!

Era evidente, até por simples questão de lógica, que tais excentricidades profissionais iriam afugentar os fiéis ouvintes do Repórter Esso. Em pouco tempo, graças à própria Tupi, a sua antiga e cativa audiência foi sendo conquistada pelo Jornal Nacional, que, aliás, é muito bem feito.

O fato é que o CBA ao nascer contava com a herança deixada de graça pelo Repórter Esso. Em três meses, porém, saqueou substancialmente esse precioso capital, insultou o bom senso e ignorou o óbvio.

E agora, só agora, a Tupi resolveu recuperar o terreno perdido. E reconquistar, seja leitor de jornal ou telespectador, é sempre mais difícil do que conservar. Nas relações entre os órgãos de informação e o público, a força do hábito representa um dos fatores decisivos na hora da opção. Principalmente quando, como no caso em questão, tem-se de enfrentar um adversário tecnicamente perfeito, que, realmente soube aplicar com êxito a fórmula do telejornal de integração nacional.

A presença de Gontijo Teodoro representa o veículo-chave de comunicação pessoal do CBA com o público. E um trunfo certo nesse setor.

Entretanto, num noticiário de 25 a 30 minutos, o tempo é um inimigo implacável, que exige grande conjugação de esforço informativo diário. Sob esse aspecto, as imagens diretas transmitidas via Intelsat, abrangendo vários países, valorizam e enriquecem a cobertura internacional. Enquanto na parte esportiva, a cargo de Rui Porto, o CBA procura explorar o interesse futebolístico em toda sua plenitude ao personalisar o noticiário, tal qual João Saldanha faz no canal 4 pouco antes do Jornal Nacional. Cremos, porém, que a parte de Rui Pôrto ganhará mais objetividade caso venha a ser centralizada numa única aparição.

Do ponto-de-vista técnico, contudo, o CBA ainda vem apresentando consecutivas falhas na conjugação da imagem e do som, como também quanto ao ritmo interno. As vezes, Gontijo termina o texto e a câmara permanece fixa nele. Em outras, a imagem externa acaba bruscamente, interrompendo a entrevista de Maria Emília, provocando a intervenção prematura do locutor. E ainda - como aconteceu na cobertura do terrorista condenado à morte - a imagem anunciada não aparece no vídeo na hora certa. A sorte é que Gontijo Teodoro tem suficiente sangue-frio para enfrentar e contornar, profissionalmente, tais armadilhas técnicas.

Como o CBA é forçado a fazer uma média de cinco pausas, dedicados às mensagens comerciais, torna-se progressivamente monótona a visão do mesmo filme. Para a satisfação visual do telespectador e a própria funcionalidade publicitária, esperamos que o patrocinador diversifique os ângulos da sua organização.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 161