![]()
PUC-Rio
![]()
Jornal/Revista: Folha de S. Paulo Data de Publicação: 20/09/1991 Autor/Repórter: Rui Nogueira e Cláudio Ferreira
![]()
BLOCH PEDE 'SINAL' PARA VENDER TV MANCHETE
O empresário Adolpho Bloch, proprietário da TV Manchete, pediu um "sinal" de US$ 40 milhões para vender as cinco emissoras que formam a rede a um "pool" de dez empresários liderados pelo deputado Paulo Octávio (PRN-DF). O preço do "sinal" foi confirmado por João Carlos Di Gênio, dono da rede de colégios Objetivo e um dos interessados na compra da TV.
Segundo Di Gênio, o negócio deve ficar entre US$ 130 milhões e US$ 140 milhões. Quando Bloch iniciou as negociações, em junho, ele pediu US$ 200 milhões. Dependendo dos prazos de pagamento, que serão negociados no fim-de-semana entre Paulo Octávio e Bloch, "o preço pode até ficar abaixo dos US$ 130 milhões", disse Di Gênio.
Paulo Octávio disse à Folha que as negociações estão lentas devido ao "porte do negócio. Um erro de 'qualquer' milhão de dólares é muito dinheiro". Ele é amigo íntimo do presidente Fernando Collor de Mello e foi um dos financiadores da campanha dele no Distrito Federal, em 89.
Os compradores estão tomando muita cautela com as contas da Manchete. Está difícil separar a dívida da rede da dívida da indústria gráfica que financiou boa parte da implantação da emissora.
A Manchete está registrada na Secretaria Nacional de Comunicações no nome de Pedro J. Kapeller, sobrinho de Bloch.
Além de Paulo Octávio e Di Gênio, está certa a participação no negócio dos empresários Mathias Machline (grupo Sharp), Luiz Estevão (grupo OK e também amigo íntimo de Collor) e Herbert Levy (grupo Gazeta Mercantil). A editora Abril também está interessada na emissora.
Di Gênio, que participou das negociações frustradas das entre Bloch e Antônio Ermírio de Moraes e o grupo de mineração Paranapanema, diz que a TV será mesmo vendida. "Pode até não ser para nós, mas ele vai vender".
Os empresários pechincham no preço da emissora porque calculam que vão precisar investir entre US$ 70 milhões e US$ 100 milhões a curto prazo. A divisão de filmes é uma das que precisam de investimentos imediatos. O levantamento técnico feito na emissora mostrou que a maioria dos filmes não tem qualquer apelo para disputar audiência.
Os técnicos que fizeram o levantamento também não se impressionam com sucessos como a novela "Pantanal". "Aquilo foi obra do acaso, como também é obra do acaso esse sucesso todo de 'Carrossel' do Sílvio Santos", disse Di Gênio. "No Brasil, só a Globo faz programa de forma científica, com muita pesquisa".
Os empresários do -pool- já discutiram, informalmente, as mudanças que gostariam de promover na programação da rede. A maioria aceita transferir a sede do jornalismo do Rio para São Paulo. Eles acham que a tendência é o Rio concentrar os programas de entretenimento.
![]()
Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 16745