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Nova Consulta

Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 01/12/1991
Autor/Repórter: Annette Schwartsman

SÍLVIA PFEIFER

Se tudo tivesse ocorrido conforme os planos, o papel de namorada do fotógrafo Peter Mandrake no filme ''A Grande Arte'' teria sido seu. Mas inexplicavelmente, e após cinco meses de aulas de interpretação com Bia Lessa, e voz com Gloria Beutenmuller, o papel foi dado à americana Amanda Pays.

Dessa frustração, a ex-modelo e atriz Sílvia Pfeifer, 33, se lembra até hoje. Mesmo porque foi um dos motivos que a levaram à televisão: a amigo Bia Lessa mostrou seu teste a Daniel Filho, então diretor da Central Globo de Produção. Ele gostou. Dois meses depois, no dia 11 de junho do ano passado, Sílvia foi chamada por Roberto Talma para protagonizar a minissérie "A Farsa" -que virou "Boca do Lixo'' - ao lado de Reginaldo Farias e Alexandre Frota. Era a época de "Pantanal'', novela da Manchete que lançava como atriz a também modelo Cristiana Oliveira.

Durante três semanas de gravações ela encarnou Cláudia Toledo, uma mulher adúltera envolvida em uma trama policial. Interpretação e minissérie foram massacradas pela crítica. Isso não alterou em nada o destino comum de Sílvia e da Globo, No mesmo ano, outro convite ainda mais audacioso: ser Isadora Venturini, a vilã principal de ''Meu Bem, Meu Mal'', novela de Cassiano Gabus Mendes que estreou em outubro de 1990.. Uma avalanche ainda maior de críticas, mas, segundo a atriz, pelo menos um trunfo: oito meses de experiência.

"No começo é tudo muito novo, até se ter familiaridade com o personagem. Com Isadora demorou uns três meses para eu encará-la numa boa. Era difícil aceitá-la, até que descobri o prazer de interpretar sua maldade. Quanto mais malvada ela era na cena, eu achava melhor'', diz.

Ao que tudo indica, para Sílvia o prazer de interpretar é superior ao de desfilar. Tanto que ela praticamente abandonou a carreira de modelo, Desde "Meu Bem, Meu Mal'', suas atividades ''extra-curriculares" se resumiram a um desfile para Conrado Segretto, um comercial da H. Stern e fotos para um editorial de moda. -''Parei porque acho que tenho que ter espaço para trabalhar como atriz. Para encarar a profissão, preciso de tempo. As outras coisas, só faço quando valer a pena", sentencia.

Agora Sílvia volta como Leda em "Perigosas Peruas'', título provisório da próxima novela das 19h, de Carlos Lombardi, que substituí "Vamp" em 1992. Na verdade o convite para este trabalho foi o segundo - e não o terceiro - que a atriz recebeu da emissora. "Perigosas Peruas'' deveria ter ocupado o horário das 19h há duas novelas atrás, no lugar de ''Lua Cheia de Amor''. Mas o projeto acabou sendo arquivado pela direção da emissora. Quando foi tirado da gaveta - com algumas alterações - Sílvia voltou a ser chamada para dividir o estrelato feminino com a também ex-modelo e atriz Vera Fischer, a outra perigosa perua, Cidinha.

A trama gira em torno das duas amigas. Leda e Cidinha nasceram no mesmo dia, hora e maternidade, Foram colegas do berçário à faculdade de jornalismo, onde as duas conhecem e se apaixonam por Antônio Beloto, o Belo (Mário Gomes). Ambas namoram e ficam grávidas dele, sem que uma saiba do romance da outra. Como Belo fica sabendo antes da gravidez de Cidinha, decide se casar com ela. Leda se afasta dos dois. A filha de Cidinha, que nasce um dia antes da filha de Leda, morre de insuficiência pulmonar. Belo suborna um médico para trocar as crianças e todos pensam que foi o bebê de Leda que morreu.

Completamente arrasada, Leda parte para São Francisco, onde trabalha como correspondente de um jornal brasileiro. A novela começa quando ela volta ao país, para a cobertura da Eco-92, e retoma contato com Belo e Cidinha, hoje dona-de-casa. Esse reencontro, segundo Sílvia, ''mexe com a suposta segurança de Leda e desencadeia uma série de situações conflitantes de raiva, desprezo e ternura."

Ainda sobre seu novo personagem, a atriz diz: ''A Leda é uma pessoa muito dura, consegue se envolver com os outros. Por toda a dor que sofreu, tem medo de se entregar. Ela nega aquilo que, no fundo, mais quer: se casar e ter filhos. É irônica, debochada, sarcástica, mas no fundo é meiga e frágil. Acho que já entendi ela."

Sobre os trabalhos televisivos que fez até agora, Sílvia diz que a principal diferença de Leda em relação a Isadora e Cláudia é o seu lado cômico. ''O 'timing' da interpretação de um drama é diferente do de uma comédia". Comparando novela e minissérie, diz: ''Em uma minissérie, que é uma obra acabada, a gente sabe o que o autor quer nos mínimos detalhes. A vantagem de novela é que você tem oito meses para consertar, se exercitar".

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 17340