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PUC-Rio
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Jornal/Revista: Jornal do Brasil Data de Publicação: 18/04/1992 Autor/Repórter: Ana Cláudia Souza
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GLOBO REVIVE OS ANOS REBELDES
"Este trabalho que a gente vai fazer é muito bonito e espero que dê tudo muito certo para todo mundo . Foi assim, e num clima de expectativa e tensão, que o diretor Dênis Carvalho iniciou, no último domingo, as gravações de Anos rebeldes, a minissérie escrita por Gilberto Braga para a Globo que conta a história do país no obscuro período de 1968 a 1971. "Primeiro dia de gravação é assim mesmo", explicava um animado Dênis Carvalho.
Metidos nos uniformes tradicionais do Colégio Pedro II, Malu Mader, Cássio Gabus Mendes, Marcelo Serrado, Pedro Cardoso e o estreante André Pimentel tomaram o lugar dos alunos, dividindo o pátio do colégio, no Centro do Rio, com outros setenta figurantes, igualmente uniformizados. Até Cláudia Abreu (com novo visual blondie) que não estava escalada para aquele dia, apareceu no colégio e participou da reunião de Dênis com o elenco e os outros diretores: Ivan Zettel e Sílvio Tendler.
As primeiras cenas gravadas eram um flash-back de 1964, mostrando o início da repressão política e o primeiro encontro entre João Alfredo (Cássio) e Maria Lúcia (Malu), nas escadarias do CP-II.
Não é necessário muito esforço para ver em Anos rebeldes a continuação de Anos dourados, do mesmo Gilberto Braga. Nenhum problema. Até porque, em 86 o autor despertou uma saudável nostalgia lembrando do tempo em que, acreditava-se, este era um país que ia para frente. Nesta nova minissérie, com estréia prevista para julho, a principal diferença é mesmo o ar que se respirava por aqui. "Havia um clima de medo", define Marcelo Serrado, que viverá o individualista Edgar. Nascido em 1967, Marcelo pouco sabe sobre esta época da história e, como boa parte do elenco, leu vários livros, assistiu a filmes e conversou com quem viveu intensamente a fase negra do país.
"A geração dos jovens atores olha para o passado do país sem reconhecê-lo", atesta Sílvio Tendler, diretor de JK e Jango e um expert em contar a recente história do país. Em sua primeira experiência na televisão, Tendler é o responsável pelos "painéis históricos" que vão juntar cenas reais - garimpadas dos arquivos da própria TV Globo, Cinemateca Brasileira de São Paulo e Arquivo Nacional - e de ficção. "Em determinados momentos vamos gravar cenas em 16 mm, em preto e branco, para fundir com o material de arquivo", revela Tendler, que faz também o making-of da minissérie de Gilberto Braga.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 18442