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Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 04/12/1993
Autor/Repórter: Helena Tavares

NOVELA DA TUPI É A NOVIDADE DO SBT

''Éramos seis'' ganha um 'remake' 16 anos depois

Se tudo correr como Sílvio Santos planejou, o SBT grava até o final deste mês as primeiras cenas da novela Éramos seis. A versão, assinada por Sílvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, foi adaptada do romance de Maria José Dupré e será regravada após 16 anos de sua exibição, na antiga TV Tupi. "Mostrei ao Sílvio Santos que a única forma de fugir do monopólio da Globo era apresentar uma obra fechada com uma história de época", explica Rubens. Por isto, os autores fazem questão de esclarecer que Éramos seis não será reescrita, pelo contrário, seu roteiro será mantido na íntegra, tal qual foi apresentado em 1977, com Nicete Bruno e Gianfrancesco Guarnieri nos papéis principais. "Fizemos uma transação puramente comercial com Sílvio Santos. Vendi os capítulos da novela para o SBT e pronto. Não tenho vínculo empregatício com a emissora, mesmo porque sou funcionário da Globo, avisa Sílvio de Abreu. Rubens Ewald também continua funcionário da TV Abril.

O romance de Maria José Dupré é famoso por sua empatia com o grande público. Na verdade, esta é a quarta vez que é apresentado na TV. A primeira versão foi produzida em 1958, na antiga TV Record, quando as novelas ainda eram apresentadas ao vivo. A segunda, em 1967, foi adaptada por Pola Civelli e tinha nos papéis principais Cleyde Yáconis, Sílvio Rocha e Plínio Marcos. Mas a terceira, assinada por Sílvio de Abreu e Rubens Ewald, exibida na Tupi, em 1977, fez mais sucesso que as anteriores. "Antes de tudo, é uma história tipicamente brasileira que fala de fatos simples e sinceros, ligados ao cotidiano de uma família. Quem não se identifica com eles?", indaga Sílvio de Abreu.

Segundo Rubens Ewald, a novela foi sondada para ser apresentada pelo SBT há dois meses. Como não foi fechada a transação com os adaptadores, Sílvio Santos correu na frente e comprou os direitos autorais do livro de Maria José Dupré. Na segunda conversa, o jeito foi aceitar as condições da emissora. "Fui praticamente obrigado a fazer a negociação. Eles acertaram tudo com a editora do livro, depois com o Ewald e em seguida me procuraram. Mas tudo bem. Entreguei os capítulos e não participo de mais nada", relata Sílvio. De qualquer forma, o autor está satisfeito em ver, mais uma vez, sua obra ser apresentada na TV. Já Rubens Ewald está mais ligado na nova apresentação. Participará, inclusive, da reunião para a escalação dos atores. "Sugeri o nome de Irene Ravache para o papel de Lola e Osmar Prado para interpretar Júlio, seu marido", antecipa o crítico de cinema.

Éramos seis, que deve estrear em março de 1994, terá 173 capítulos. Por coincidência, será refeita nos mesmos estúdios da antiga TV Tupi, onde foi gravada em 1967. Para completar, será dirigida por Henrique Martins, um dos responsáveis pela antiga dramaturgia da Tupi. "O Sílvio Santos sabe o que faz", resume Rubens Ewald.

SAGA FAMILIAR NO INÍCIO DO SÉCULO - Eramos seis é uma novela de época que se passa na cidade de São Paulo, entre as décadas de 20 e 40. Adaptada da obra da paulista, Maria José Dupré, conta a história de uma família simples que luta para sobreviver. Lola, personagem principal, é uma mulher batalhadora, obrigada a sustentar sozinha os quatro filhos após a repentina morte do marido. Ela faz doces e cozinha para fora, fazendo de tudo para manter a integridade. "Mostramos a saga desta família juntamente com o crescimento da cidade de São Paulo", resume Sílvio de Abreu.

"Se é de época não precisa ser atualizada". Assim, Rubens Ewald diz que o SBT manterá o roteiro original de 1977. Dos filhos de Lola, um quer subir na vida de qualquer jeito, outro é comunista e o terceiro é o único que se encaixa no perfil de bonzinho. A moça mantém um romance proibidíssimo, com um homem casado. "Mas não vão pensar que Éramos seis é mais um dramalhão mexicano" avisa.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 23525