PUC-Rio

Voltar

Nova Consulta

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 10/04/1994
Autor/Repórter: Cristiane Barbieri

A VOLTA DO BONDE ÀS RUAS DE SÃO PAULO

Cidade cenográfica de ''Éramos seis'' revive anos 20

SÃO PAULO - Desde a construção dos estúdios da Vera Cruz, nos anos 50, São Paulo não sabia o que era uma cidade cenográfica. Este sábado, no entanto, a rua Angélica, o Brás, e o bonde que rodava por estas vizinhanças nos anos 20 vão ressurgir, na cidade que o SBT construiu para as gravações de "Eramos seis". Ela fica na via Anhangüera, perto do pico do Jaraguá, num terreno onde Sílvio Santos, bem antes de tornar-se o dono do SBT, guardava móveis da Tamacavi.

A cidade cenográfica do SBT tem 5.600 m2, 22 fachadas e três casas com cômodos construídos. No centro, uma hipotética praça Buenos Aires e a linha do bonde. O custo, segundo David Grimberg, diretor de produção, chegou a quase US$ 2 milhões.

- Nós vamos extrapolar um pouquinho o orçamento inicial. Prevíamos que cada capítulo custaria US$ 30 mil, mas eles acabarão saindo por US$ 32 mil - diz Nilton Travesso, diretor do núcleo de dramaturgia da emissora.

Ele explica que contava que as reformas feitas no patrimônio do SBT - como no ar condicionado do estúdio e na aquisição de equipamentos não fossem entrar no orçamento da novela. Entraram e suas contas extrapolaram o orçamento inicial.

- O importante é ficar com os pés no chão para evitar um desastre e dar um passo maior do que a perna. Com a estrutura da cidade cenográfica pronta, a próxima novela custará cerca de 50% menos do que esta - garante Nilton.

DEL TERÁ APENAS UMA CÂMERA - O diretor Del Rangel esta preocupado em fazer com que "o homem (Sílvio Santos) não tenha um infarto na hora das contas", como ele mesmo diz. Acostumado com a estrutura da Globo, Del terá que se contentar em dirigir os trabalhos na cidade cenográfica com apenas uma câmera. Ate o view finder, que os diretores usam para encontrar qual será a melhor lente e o melhor ângulo, ele trouxe de casa.

- Todos temos que colaborar no início para que o projeto vingue - diz ele.

Para colaborar com o projeto, já foram vendidas cotas de patrocínio para produtos que existiam na época, como a Emulsão Scott e o Biotônico Fontoura, cujos reclames (come se dizia) estavam nas laterais de todos os bondes dos anos 20. Até o banco da cidade cenográfica funcionará em esquema de merchandising. Deverá ser a Caixa Econômica Federal ou o Banco do Brasil.

Apesar de as gravações começarem este sábado, somente no dia 18 a cidade cenográfica estará funcionando a pleno vapor. Neste dia, será gravado o primeiro capítulo, com direito a quermesse e festa noturna, com todos os personagens presentes.

BLACK, O MAGO DA LUZ DO SBT

Autor/Repórter: Jo Wady Cury

Fotografia vai rejuvenescer os atores da novela

SÃO PAULO - O carioca Augusto Costa torrou US$ 500 mil em apenas uma semana em equipamentos de luz. Ficou feliz da vida. Motivo: Costa é o diretor de fotografia da novela "Éramos Seis", a primeira produção do novo Núcleo de Teledramaturgia do SBT, que deve estrear no dia 2 de maio.

Black, como é conhecido pelos colegas de trabalho, conseguiu a proeza de convencer o diretor do núcleo, Nilton Travesso, a comprar este equipamento de primeira linha, capaz de imprimir no vídeo vários efeitos visuais que seriam possíveis somente em 35mm ou 16mm. Travesso escolheu a dedo os profissionais que iriam trabalhar com ele em "Eramos Seis", para que a qualidade fosse marcante nessa volta da emissora à produção de novelas.

Augusto Black Costa, cujo apelido foi dado pela diretora Tyzuka Yamazaki durante as filmagens de "Kananga do Japão", começou a sua carreira na extinta Tupi, passou para a Globo, depois para a Manchete e, de lá, saiu a convite de Travesso para fazer a novela.

- Precisamos comprar todo este equipamento porque o nosso núcleo de teledramaturgia está em formação. Tínhamos muito pouca coisa aqui. Mas é bom fazer este investimento hoje, pois o SBT tem, em função disso, um dos melhores equipamentos do mercado - diz Black.

Segundo diretor de fotografia da novela, os vários filtros comprados, como os white promist de 1/4 e coral 2, servirão para rejuvenescer alguns atores que terão que gravar cenas de sua juventude, como a atriz Irene Ravache.

- Esta é uma linguagem muito utilizada em cinema e filmes publicitários. A inovação que faremos é transportar as técnicas cinematográficas de 35mm e 16mm para a televisão - explicou Black.

Voltar

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 24637