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Nova Consulta

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 10/02/1996
Autor/Repórter: Rose Esquenazi

O NOVO CAMINHO DAS NOVELAS

Sônia Braga disse sim. A estrela volta às novelas jogando-se no braços do SBT. O cachê - uma verdadeira fortuna - fará com que Sônia grave, ao lado de Fábio Jr., as externas em São Paulo e as cenas de estúdio em Buenos Aires. Desta vez, não vai precisar tentar ser uma atriz latina falando bem o inglês. Rolando Vivas, o taxista (nome provisório da co-produção argentino-brasileira) será gravada em português e só depois dublada para o espanhol. Pergunte onde o seu Sílvio Santos quer chegar? No Mercosul...

Apesar de não ter conseguido grandes resultados com Sangue do meu sangue, seu Sílvio está apaixonado pelas novelas. Lança uma nova em abril - Razão de viver - e tem séria intenção de criar um terceiro horário, com Ninho da serpente, de Jorge Andrade. Mas não é só o SBT que insiste no filão. A Bandeirantes, através da TV Plus, começa a gravar O campeão e já mandou avisar que tem planos para outra novela, sob o comando de Roberto Talma.

Neste ano também, a Manchete pretende lançar uma nova produção dirigida por Walter Avancini, sem falar em Tocaia grande, que vem conquistando pontos no Ibope. Acabou? De jeito nenhum. A CNT já está colocando no ar as chamadas de sua próxima mininovela, a religiosa Irmã Catarina, com Myrian Rios.

Contrariando as concorrentes a Globo surge com a grande novidade de 1996: transforma uma minissérie em mininovela e testa sua veiculação no horário nobre. Assim, depois de Explode coração, que será encurtada, entra no tradicionalíssimo horário das 20h (que vai ar ao às 20h30), O fim do mundo, de Dias Gomes.

A Globo pode estar fazendo apenas um teste num ano de Olimpíadas e horário político. Mas, quem sabe, não revoluciona a sua própria grade, presa há tantos anos pelas amarras de suas novelas imexíveis, como diria o saudoso ministro Magri. A mininovela é uma antiga reivindicação de autores, atores, diretores, técnicos e do público. Ninguém suporta mais ficar preso à mesma trama durante meses seguidos.

As mesmas novelas que por aqui duram 10 meses são reeditadas e devidamente encurtadas quando são vendidas para o exterior. A história fica muito melhor, as cenas mais ágeis. Toda aquela encheção de lingüiça que irrita até o mais fanático dos espectadores é cortada. A Globo deve ter percebido também (deve, porque a emissora não costuma explicar seus métodos para ninguém) que o público, por mais goste de seus programas, não suporta ficar dias e mais dias acordado até a madrugada para não perder os capítulos de um especial ou minissérie. Vide as inúmeras reclamações sobre o horário tardio da série The Beatles. Parece incrível para os programadores, mas tem muita gente que acorda cedo no dia seguinte e não sofre de insônia!

Este ano, as minisséries da Globo, sempre tão bem produzidas e escolhidas, estarão reduzidas a um único exemplar. Provavelmente o projeto que Gilberto Braga prepara tenha o destino de uma novelona em 1997. Seja como for, o mercado está em festa. Os atores estão sendo disputados por várias emissoras, os cachês estão melhorando sensivelmente e, mesmo que sejam exibidas novelas antiquadas, a concorrência é saudável para todos. E mais: quem sabe a líder de audiência não descobre um novo caminho da dramaturgia para o seu enorme público? Ele merece.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 31267