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Nova Consulta

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 04/01/1998
Autor/Repórter: Marili Ribeiro

FANTASIAS DE UMA EX-SEM-TERRA

Se algum dia ela foi consciente das questões sociais em que se envolveu, pouca coisa parece ter ficado do aprendizado entre os sem-terra. Depois de posar para a Playboy e passar por uma recauchutagem com direito a implante de silicone e lipoaspiração, Débora Rodrigues está convencida de que sua reforma agrária já aconteceu. E agradece a Deus: "Se Ele não tivesse me enxergado não teria acontecido nada." A contribuição social de um programa como Fantasia - que Débora apresenta de segunda a sexta no SBT, entre 16h30 e 18h30, com outras três beldades - aos seus olhos não merece critica. "É um passatempo sem compromisso. A dona de casa passa por tanta coisa chata no dia-a-dia que merece diversão. Ela liga a TV e fica ouvindo músicas e cantando com a gente. Pode pôr o filho para ligar e até ganhar alguma coisa", diz.

Débora arremata qualquer discussão sobre o assunto com seu jeitão simpático e despojado, caprichando ao pontuar a frase: "Estou a-do-ran-do." Mais: acha que Sílvio Santos teve "uma idéia maravilhosa". Inspirado num modelo italiano fora do ar já há alguns anos, Fantasia não tem qualquer pretensão filosófica além de alavancar audiência, como afirma o diretor, Paulo Santoro. É um programa com jogos em que o espectador concorre a prêmios respondendo a perguntas simples. "E o brinquedinho novo do Sílvio", diz Santoro. "Ele acompanha tudo de perto. Modifica o tempo dos jogos e faz uma revisão das perguntas", conta o diretor. Fantasia, que concorre com Malhação, da Globo, estreou com 16 pontos e se estabilizou numa média de nove na terceira semana no ar. "Desde o começo tinha certeza de que ia dar certo", diz Débora, para quem a novela da concorrente é que devia mudar: "É repetitivo. Até assistia no começo, mas depois ficou muito igual."

Falar de outras apresentadoras, só para elogiar. Caso de Hebe Camargo, seu modelo. "Ela é muito espontânea", rasga seda. A fase de descoberta deste novo meio talvez justifique a pequena confusão que anda fazendo com conceitos. Débora acha ótimo o seu produto, mas diz que a TV precisa de reformas: "Todos os programas deviam sofrer mudanças, principalmente a nível de crianças. Essas séries orientais, só de guerra com tiro e morte, são péssimas. Podem me achar cafona, mas uma coisa que deveria voltar é um programa como Vila Sésamo, ou A pantera cor de rosa. Todo mundo é tão moderno que não vê a ocupação que estamos tendo com violência e agressividade." É a fantasia de Débora.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 36216