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Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 01/03/1998
Autor/Repórter: Mariana Scalzo

MARÍLIA É POP

Marília Gabriela, que estréia hoje seu programa no SBT

Agora, ela quer se divertir. É com esse espírito que Marília Gabriela , 49, estréia hoje à noite seu novo programa no SBT. "De Frente com Gabi" entra no ar à 0h, com a jornalista entrevistando personalidade com "mais apelo".

"Quero trazer tipos mais populares, acho que todo mundo rende uma boa entrevista", avalia.

Em sua lista de futuros convidados estão Vera Loyola, Vera Fischer, Ronaldinho, Romário e até Pelé. Para a estréia, foi escolhida a atual musa das mídias do país, Carla Perez.

"Ela é disputada pelos grandes comunicadores da TV para melhorar a audiência de seus programas. Eu queria ver se ela tem consciência disso. Descobrir o que é uma menina de 20 anos que detém esse poder. Foi muito interessante", avalia.

"Ela fala das fotos que fez nua e sente vergonha. É muito engraçado, porque é a mulher que mexe com a libido do país inteiro. Foi uma bela entrevista, é um belo começo", completa.

COMPROMISSO

O novo programa nasceu de uma sugestão do próprio Silvio Santos, dono do SBT. "Quando fui renovar meu contrato, ele me perguntou se eu não queria reeditar o "Cara a Cara' -que apresentava na Rede Bandeirantes. A princípio disse que não, pois ele poderia tirar do ar a qualquer momento", lembra.

Mas o empresário acabou convencendo a jornalista, e eles fizeram um trato. Se o programa alcançar um patamar determinado de audiência, num período de três meses, ele fica no ar. O número ela não revela. "Não vem ao caso."

Marília não conseguiu utilizar o título de seu programa na Bandeirantes. "O nome "Cara a Cara' não é meu. Mas acho que não tem importância porque é outra coisa, com outro espírito, e não vou ficar naquele radicalismo, vou fugir um pouco de política."

Essa mudança veio com o compromisso da audiência e também com a vontade de falar para um público maior. "Lembro que o "Cara a Cara' tinha muito prestígio, mas a audiência sempre foi muito pequena. Quero continuar falando para esse público, mas não quero perder de vista os remanescentes do horário do Silvio", diz.

Segundo ela, esse horário, da 0h à 1h, é "complicado", e aponta a concorrência que dá o mesmo tipo de opção, como o "Fogo Cruzado", com Paulo Henrique Amorim, na Bandeirantes, e o "Passando a Limpo", com Boris Casoy, na Record.

Para Marília, o importante é fazer entrevistas que interessem a ela mesma. "Eu gosto ainda de entrevistar políticos nacionais e internacionais, mas as grandes audiências não são deles. Kissinger, Fidel Castro e até mesmo o Pavarotti tiveram audiências baixas. Mas com Zezé di Camargo & Luciano, Leandro & Leonardo e galãs de novelas o público ia atrás de mim."

História

Além do "De Frente com Gabi", Marília vem se dedicando a um novo projeto, também para o SBT, sem contar a apresentação do "SBT Repórter".

"500 Vezes Brasil - Dicionário de um País" é sua primeira produção independente. Será uma série com um episódio mensal, para estrear em setembro e ficar no ar até abril do ano 2000. "É um programa comportamental, narrando o que somos nós brasileiros por meio do nosso português brasileiro", conta.

VARIAÇÕES

Na TV paga, no canal GNT, Marília comandou no último ano o "Aquela Mulher". Em abril, o programa volta reformulado e com novo nome: "Marília Gabriela Entrevista".

"Agora posso ter homens, mulheres, entrevistas individuais ou com várias pessoas", revela. A mudança aconteceu depois da realização de pesquisas que apontaram que o público gostaria de ver também os homens naquele formato.

Apesar de ser ano de eleição, Marília acha que não voltará a comandar debates entre os candidatos.

"A verdade é que o grande público acha muito chato entrevista de político, a não ser alguns que são mais divertidos, ou uma final de campeonato, ali na véspera do segundo turno. Aí vale a pena. Não sei se interessa para o SBT, que trabalha com números de audiência tanto quanto a Rede Globo."

Outra coisa que Marília não cogita é voltar para o jornalismo diário. "Não seguro, sou muito emotiva, me comovo, estresso. Chorei no ar várias vezes. Ainda tenho a capacidade de me indignar e não consigo aguentar aquela carga de sofrimento, de tensão, voltar para casa e dormir."

Ela lembra que há anos quis sentar na bancada do "Jornal Nacional", da Globo. "Quando trabalhava lá e o Armando Nogueira ainda era o diretor do jornalismo, tive um "insight' e liguei para ele. Perguntei porque ele não me colocava no "JN'. Ele disse que o jornal era tradicionalmente dos homens, mas eu tinha certeza que daria o maior pé. Tive essa vontade. Mais que um sonho, foi uma noção, uma previsão de que seria possível e muito legal ter um contraponto feminino".

MULTIFACETADA

A jornalista acabou de gravar um CD, pela Som Livre. Desta vez não de músicas, mas declamando poesias de mulheres. "Deve sair ainda em março, estamos na fase de colocar músicas incidentais e ainda vamos ampliar o projeto. Talvez seja lançada uma pequena antologia." Entre as autoras citadas estão Adélia Prado, Cecília Meireles, Florbela Espanca e Gabriela Mistral.

Ela também não descarta a possibilidade de voltar a cantar. "O João Araújo (diretor da Som Livre) me perguntou se eu não gravaria um disco com compositores inéditos. Poderia ser interessante. Acho que estaria muito menos preocupada com a crítica. Seria pelo prazer de cantar mesmo."

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 36858