FALTAM IDÉIAS À PRODUÇÃO DE CLIPS NACIONAIS
Se a inventividade dos videoclips internacionais anda em baixa, depois do "boom" imaginativo do início dos anos 80, a produção nacional dá a impressão de nunca ter saído do lugar — apesar da injeção de recursos da MTV brasileira, que co-produziu várias peças promocionais.
A meta do incentivo é tornar as estrelas nativas mais apresentáveis para o mundo. De fato, os clips mostram grande evolução técnica; sob o lustro, porém, nota-se o bolor da falta de idéias.
Como seus ancestrais, os clips nacionais da MTV contentam-se com um picadinho de imagens do cantor temperadas com efeitos especiais. Até "Garota de Ipanema", com Marina, dirigido pelo cotado americano Jon Klein, resume-se ao ornamental simples.
Para conjurar fascinação, o videoclip deve, afinal, somar refinamento plástico a algum tipo de "gimmick". No estoque atual da MTV há muitos exemplos de como atingir esse estado "extra". "Cradle of Love", com Billy Idol, conta muito bem uma anedota nos poucos minutos que dura. Já "Groove Is in the Heart'', com o Deee-Lite, extrai o máximo de um design inovador.
Foi sendo inventiva nos clips que a banda francesa Les Rita Mitsouko foi ao mundo. É improvável que um "pot-pourri" de poses de Renato Russo opere o mesmo resultado. Gratuitamente fragmentários, os clips nacionais são exercícios sobre o nada com alto poder de dissuasão.
