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PUC-Rio
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Jornal/Revista: Jornal do Brasil Data de Publicação: 10/05/2000 Autor/Repórter: Patrícia d'Abreu e Ulisses Mattos
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A NOVELA DAS ESTRÉIAS
O escritor Carlos Lombardi já tinha avisado ao público que Uga uga seria uma novela leve. No primeiro capítulo da nova trama da Globo às 19h, que foi ao ar na segunda-feira, ficou claro que essa leveza vai se concentrar na ausência de compromisso com a realidade. Como, por exemplo, as reações dos personagens a situações de perigo. Tudo em nome do "ar de comédia".
Mas a leveza passou longe da violenta cena do massacre promovido pelos índios ao som de Villa-Lobos. Mais que isto. Faltou motivo para a tribo dizimar os expedicionários. Ainda mais nesse momento 500 anos, em que se busca mostrar as injustiças cometidas contra o índio.
O estilo de Lombardi já pôde ser percebido em alguns diálogos e situações eróticas protagonizadas pelo elenco masculino. Errou quem achou que o primeiro traseiro mostrado seria o do índio de Cláudio Heinrich. Foi o de Heitor Martinez fugindo de um marido traído. Heinrich só apareceu no fim, na queda de um avião. O clima pastelão dos personagens à beira da morte contrastou com a bem produzida cena do desastre aéreo.
Em Marcas da paixão, que a Record estreou no mesmo dia, às 20h15, também houve destruição de avião e perseguições. Mas, em comparação com a estrutura da Globo, a produção não pareceu tão eficiente. A sonorização errou a mão e, a todo instante, uma música de suspense forçava um tom que não havia em algumas cenas. Os atores se saíram bem e a história de Solange Castro Neves tem espaço para se desenvolver. Basta que o público esteja preparado para assistir à dureza do sertão.
Sem um toque sequer de superprodução, a estréia de A mentira, do SBT, foi marcada pelos temas de sempre dos folhetins mexicanos: traição, desejo de vingança e a eterna luta do bem contra o mal. Apesar da simplicidade dos temas ser o grande atrativo das novelas mexicanas, a emenda feita entre o penúltimo capítulo de O privilégio de amar e o primeiro de A mentira comprometeu a qualidade da estréia. A apresentação dos personagens e da história principal ficou arrastada em comparação com as mil e uma agruras vividas pela mocinha Cristina, no horário anterior.
Mesmo para quem só ligou a TV depois de O privilégio de amar, o primeiro capítulo da nova novela do SBT foi lento, principalmente porque entrou sem cortes, em um interminável episódio com mais de meia hora. Já o grande chamariz para o público brasileiro, o galã Guy Ecker, teve uma participação quase figurativa no papel de Demétrio. O pileque do irmão traído do protagonista foi o grande plot da estréia. Deu vontade de pedir uma dose para agüentar o capítulo até o fim.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 56287