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PUC-Rio
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Jornal/Revista: Jornal do Brasil Data de Publicação: 11/07/1982 Autor/Repórter: Débora Chaves
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CRIANÇAS PERDERAM ÚNICO TELEJORNAL
Mutilado e até mesmo ameaçado de extinção, janeiro e único telejornal infantil da televisão brasileira, o Globinho, da TV Globo, ainda resiste, depois de 10 anos de existência. Durante oito anos ele teve duas edições diárias, que hoje se reduzem a uma só, semanal, aos sábados. Nos últimos meses, por causa da Copa, ganhou um subproduto diário, o Globinho na Copa, uma edição de filmes espanhóis comprados dentro do pacote do Mundial.
Paula Saldanha, apresentadora e editora do Globinho, diz que ela e a editora-chefe, Fernanda Marinho, só aceitarão a atual estrutura do Globinho - meia-hora de programação aos sábados muito mais lúdica do que jornalística. porque têm esperança de que a antiga fórmula - telejornal diário com edição nacional - seja reabilitada pela TV Globo.
- A gente até entende que existam pessoas que não vejam a importância do Globinho, mas inegavelmente ele era o programa da Globo que mais recebia cartas, uma média de duas mil por semana em época de concurso. Até hoje as Secretarias de Educação de vários Estados reclamam: os esquemas pedagógicos que eram montados em cima do Globinho, não podem mais ser feitos porque agora ele é aos sábados e praticamente perdeu aquele cunho jornalístico que sempre o caracterizou explica Paula.
Uma política de desincentivo por parte do Departamento do Jornalismo da emissora. resultou. em falta de equipes de filmagem para as matérias do Globinho e redução das reportagens do programa. Outro problema foi a concorrência da TVS, que começou a colocar no horário da tarde um festival de filmes animados infantis do tipo Tom e Jerry.
- A dificuldade maior, a falta de infra-estrutura, ainda dava para ser solucionada, mas quando a Globo resolveu concorrer com a TVS, a coisa não foi para a frente porque seus desenhos animados eram da última edição dos Toms e Jerrys da vida e, por isso, muito malfeitos. O que aconteceu é que uma audiência cativa de pelo menos 10 milhões de telespectadores se perdeu pois quem assistia ao Globinho era muito fiel - explica.
O compromisso social do programa - "Ainda não se investe em criança no Brasil. O Globinho pegava justamente o público infantil de periferia das grandes cidades e do interior porque as crianças bem alimentadas têm outros tipos de estímulo" - permanece, mas Paula tem saudades dos tempos de Globinho Repórter, quando ela viajou por todo o Brasil com o marido, fazendo filmes científicos sobre problemas ecológicos de cada região.
- Atualmente é uma coisa elitista, aos sábados, pela manhã e só no Rio. Da proposta inicial, quando o programa se realimentava do retorno que seu público dava através de cartas, ficou muito pouco. Os filmes não comerciais de vanguarda, como Miu e Mau, os da família Barba Papa, A linha e O Vermelho e o Azul também já estão acabando porque seus produtores faliram, na maioria - assinala.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 67672