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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Globo Data de Publicação: 18/04/2003 Autor/Repórter: Amelia Gonzalez
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ELENCO FORTE, IMAGENS BOAS, ENREDO FRACO
A produção, pelo menos na estréia, estava bem cuidada, com imagens rurais vistas pela janela de um trem antigo. “Jamais te esquecerei”, trama que o SBT exibiu na segunda-feira, cravando 18 pontos de média no Ibope, fez bem aos olhos. Não é à toa que, segundo a emissora, tem um custo de cerca de R$ 75 mil por capítulo. E, se depender do enredo mexicano de Caridad Bravo Adams, adaptado por Ecila Pedroso e Enéas Carlos, parece que o público ainda vai se deliciar com belas paisagens do haras, cenário principal.
A presença de um bom elenco, liderado na estréia pelas atuações de Bia Seidl (Leonor) e Jonas Bloch (Antônio) também ajuda a compor um produto bem dirigido. Fica a dever? Sim, fica. Porque não investe em histórias nossas, em autores nossos, em enredos que poderiam estar mostrando bem mais do que uma singela e doce história de amor da qual se imagina o meio e o fim desde o princípio.
O enredo é o de sempre, mas podia ser feito aqui - Ana Paula Tabalipa é Beatriz, que estava voltando para a sua terra no tal trem que enfeita as primeiras cenas. Danilo (Fábio Azevedo) é o grande amor de sua vida. Ele também está voltando, mas de avião. E, como Beatriz, traz pendurado no peito um anel que não larga porque lhe faz lembrar-se dela, doce namoradinha da infância. Leonor, a mãe de Danilo, está eufórica com a volta do único filho. Mas não gosta nada quando seu marido, Antônio, conta que Beatriz também estará chegando.
Em resumo: Leonor odeia Beatriz, que ama Danilo. Antônio, o único que poderia dar força ao encontro dos dois, está à morte. Isso é fácil de deduzir logo na primeira cena do ator: ele põe a mão na testa e quase desmaia, deixando a empregada alarmada. E Antônio vai deixar uma baita dívida para a família. Vilões, vilãs, amantes desesperados, separações, mortes, dores, reaproximação. Ninguém duvida que Danilo e Beatriz terminarão juntos. E que ele, agora rico, vai ficar pobre como ela. Ou seja: nada de surpresa para o público. A fórmula é a de sempre e, dizem os especialistas, não muda porque são ingredientes indispensáveis a qualquer teledrama, mesmo os criados aqui. Mas por que não criá-los aqui?
Os deslizes do primeiro capítulo ficaram por conta da interpretação ainda muito teatral de Fábio Azevedo, do texto também pouco elaborado e do tombo que Beatriz leva quando vê o amado. O resto ganha nota 8. E a torcida é para que o nível se mantenha.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 87340