|
REGISTRANDO O PROGRESSO
Não foi gratuitamente que a Globo contemplou o último programa de Amaral Neto com várias chamadas na faixa nobre de sua programação de sábado. Havia razão para tal destaque. E quem viu a dupla reportagem, em cores, não se arrependeu e ficou sabendo o porquê do destaque e da importância jornalística do programa.
Num belo trabalho colorido, com cenas filmadas de helicóptero, vemos, lá do alto, uma nova presença na tradicional passagem geográfica do Rio: a Ponte Costa e Silva. Um ângulo novo que, de agora em diante, tal qual a imagem do Cristo ou a do Pão de Açúcar, será incorporado para sempre em nossa memória visual.
Pulando no espaço, mas não no tempo, lá longe, no setentrião brasileiro, a imagem em close do início de outra obra gigantesca e igualmente importante: a Perimetral Norte. Nesta hábil união, entre uma realidade ao alcance de nossa vista e a desta nova epopéia rodoviária, cuja existência lemos nos jornais, a televisão revela, informa e forma opinião sobre a nova realidade brasileira. Uma realidade de conquista e de progresso - e também de confiança no futuro da Nação.
Seis dias após a inauguração do marco zero da Perimetral Norte, Amaral trazia ao público uma reportagem-documento sobre o acontecimento, gravada ao vivo e em som direto, com a presença do Presidente da República, de vários Ministros e de três Governadores. Escapando à rotina oficial do ato, Amaral conseguiu dinamizar e ilustrar uma matéria que, em princípio, estaria fadada a cair no monótono esquema da velha Agência Nacional. Para tanto, é claro, entrou em ação o faro do jornalista - que muita gente confunde com o antigo político - e a sua envolvente desinibição pessoal.
Enquanto aguardava a chegada da comitiva presidencial, Amaral conseguiu, num lance tão inesperado quanto oportuno, transformar o Ministro dos Transportes em repórter para o público. De microfone em punho, Andreazza, com seu habitual e sincero informalismo, desempenhou sem embaraço a missão que lhe foi confiada pelo jornalista. E, com satisfação, apresentou os membros de sua equipe, inclusive o primeiro motorista que percorreu a Transamazônica, e que, mais uma vez, estava a seu lado à espera da nova e longa jornada.
Além do clima de descontraimento da reportagem, na qual vemos o Presidente Médici de manga de camisa, paletó na mão, e o ouvimos cumprimentar informalmente o repórter, vale salientar o aspecto técnico deste eficiente trabalho realizado pela equipe de Amaral Neto. Para o público que sabia apenas que a Perimetral Norte era uma estrada, mais uma estrada, a última parte da reportagem constituiu uma revelação, ao reunir completo detalhado trabalho de pesquisa sobre o que existe além das margens da Perimetral Norte e abaixo do solo desbravado pelos homens e suas maravilhosas máquinas de fazer progresso. Depois do programa, dos dados revelados em primeira mão, ficamos sabendo que - às vezes - uma estrada não é apenas uma estrada. E vale a pena saber por quê.
|
