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Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 12/10/2003
Autor/Repórter: Etienne Jacintho

O MÉXICO VAI PARA O INTERIOR DE SP

A versão brasileira de 'Canavial de Paixões', folhetim do SBT com enredo à 'Romeu e Julieta', tem como cenário a zona canavieira do Estado, mas mantém o drama típico mexicano

Ex-globais de todos os tempos se encontram na nova novela do SBT, Canavial de Paixões, que estréia amanhã. De Vitor Fasano a Thierry Figueira, passando por Cláudia Ohana e Débora Duarte, a trama mexicana reúne atores famosos e outros nem tanto, para contar a história de um amor (quase) impossível, no estilo Romeu e Julieta, que tem como cenário o interior de São Paulo. Mas não se assuste se o sotaque lembrar mais o Leblon de Manoel Carlos...

No novo dramalhão (é claro!), Bianca Castanho (ex- Terra Nostra, Malhação e Beijo do Vampiro) é a romântica e ingênua Clara, da família Faberman Santos.

Gustavo Haddad (ex- A Padroeira) vive Paulo, da família Giácomo. Giácomos e Santos não se dão nada bem e a situação piora após um acidente - e um incidente -, que leva o patriarca Fausto Santos, interpretado por Jandir Ferrari (ex-Rainha da Sucata e Zorra Total), a virar uma "Santana" e passar a beber até destruir sua vida. Cláudia Ohana completa a família Santos. Os Giácomos contam com Vitor Fasano e Débora Duarte.

Canavial de Paixões é mais uma versão brasileira do SBT para um texto mexicano da Televisa. A rede paranaense CNT já transmitiu o original em 1997. A próxima novela a ser adaptada pelo SBT deverá ser Os Ricos Também Choram, segundo o diretor de Teledramaturgia do SBT, David Grimberg. O megadramalhão também já teve a versão original mexicana transmitida no Brasil, pelo próprio SBT em 1982.

Para o diretor-geral da novela, Jaques Lagoa, o SBT está aprimorando cada vez mais a técnica de tornar mais crível as tramas mexicanas. "É uma questão de interpretação. Lá, as mulheres já chegam em cena com aquele cabelo (em referência aos topetes moldados à custa de muito laquê) e muita maquiagem", fala. "Não é nem uma questão de texto, mas sim de atitude dos atores." O diretor acha que Canavial de Paixões apresenta um elenco mais homogêneo do que as produções anteriores - como A Pequena Travessa, Pícara Sonhadora e Marisol. "Há muita gente com experiência, seja na TV ou no teatro."

Concorrência desleal - Jaques Lagoa conta que a estréia de Canavial no mesmo dia de Celebridade, na Globo, não é mera coincidência. Segundo ele, a direção do SBT preferiu concorrer com o início da trama de Gilberto Braga a enfrentar o fim de Mulheres Apaixonadas - que está muito bem de audiência, com média superior a 50 pontos no ibope. "Mas claro que vamos sair arranhados dessa decisão", fala. Lagoa espera que o primeiro capítulo da trama mexicana atinja, "no mínimo", 15 pontos no ibope.

Outra questão que mostra bem essa concorrência desleal é financeira.

Enquanto a Globo gasta R$ 200 mil, em média, por capítulo em suas produções, o SBT tem verba de R$ 90 mil por capítulo. Canavial de Paixões conta com cerca de 150 pessoas envolvidas na produção. No elenco, são 40 atores. Já Celebridade tem 200 pessoas na produção e um elenco de 48 artistas. E é até pouco. Mulheres Apaixonadas estreou com um time de mais de 100 atores.

Jaques Lagoa, porém, defende que o estilo de teledramaturgia do SBT difere do da Globo. "O que fazemos são folhetins", afirma. David Grimberg concorda e endossa que na hora de escolher as tramas que são apresentadas pela Televisa (mais de 150), ele tende a se agarrar nas mais dramáticas. "Há muita novela moderna hoje no México, mas acho que elas não funcionariam aqui", conta o diretor, que avalia também a popularidade dos títulos oferecidos com pesquisa de audiência e aceitação do público.

Só resta saber se a nova trama mexicana do SBT, transportada para o interior de São Paulo, vai segurar o público no embate contra Celebridade, de Gilberto Braga, autor que sempre retrata a realidade brasileira em suas novelas.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 91522