UM JEITO DE NOVELA QUE PASSOU DO TEMPO
Débora Duarte (Tereza) tem agregado valor, assim como Victor Fasano (Amador), Claudia Ohana (Débora), Helena Fernandes (Raquel). Só que o texto não ajuda nada “Canavial de paixões”, novela mexicana produzida aqui no Brasil que o SBT estreou na segunda-feira marcando 11 pontos de média no Ibope. Os personagens repetem a mesma coisa várias vezes, a câmera fica horas focando um olhar, um gesto. E nada acontece de verdade.
Mas é preciso que se diga: não é só o texto que dá à trama, adaptada por Ercila Pedroso do texto original mexicano de Caridad Bravo Adams, um jeito de novela démodé. O figurino também contribui, e muito. Certamente nem lá no México mulheres usariam salto agulha e vestidos finos (de gosto duvidoso) para irem a uma festa ao ar livre comemorar a boa safra de cana-de-açúcar do canavial. Imagino como deve ter sido difícil para as atrizes se equilibrarem na grama e na terra.
A cidade cenográfica de “Canavial de paixões” recebeu um tratamento especial da emissora, o que fez com que parecesse ainda mais esquisito a festa do primeiro capítulo ter sido confinada a um canto, com poucos passeios da câmera. Mas o apartamento do casal protagonista, a casa da “bruxa” e as outras locações internas funcionaram. Só precisa dar mais espaço para o padre Antônio (Jonas Mello), para que ele não corra o risco de quebrar a mobília quando tiver que fazer um movimento mais brusco.
O tempo vai passar. Quem sabe melhora?
E, a despeito de a atriz não estar mal em cena, ficou caricata demais a personagem vivida por Helena Fernandes. Apaixonada pelo cunhado Fausto (Jandir Ferrari), ela se esgueira pelos cantos, faz caras e bocas, desmancha-se toda com um elogio dele. Enquanto isso, a irmã Debora saltita pela casa ingenuamente, sem perceber absolutamente nada.
Bem, a história dará um salto, alguns personagens morrerão, outros crescerão. Um romance proibido entre Paulo (Gustavo Haddad) e Clara (Bianca Rinaldi) vai surgir e, com ele, a esperança de que a novela melhore.
