A MESMA PRAÇA, O MESMO BANCO...
Não, não existe nenhum bonde circulando por São Bento dos Canaviais, cidade fictícia onde é ambientada a novela “Canavial de paixões”, do SBT. Mas em suas ruas ainda há os trilhos sobre os quais circulavam os veículos elétricos que transportavam os personagens do remake de “Éramos seis”, escrito por Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho para a emissora de Silvio Santos e exibido em 1994. É claro que as câmeras não deixam os trilhos serem vistos na trama atual.
— Mantemos a cidade cenográfica desde “Éramos seis”. Apenas vamos reformando algumas fachadas para cada nova novela — explica David Grimberg, diretor do núcleo de dramaturgia do SBT. — A praça que foi de “Pícara sonhadora” virou uma reprodução da Praça Buenos Aires, que há em Iracenápolis, onde são gravadas algumas externas de “Canavial de paixões”.
Para as cenas que se passam no Grupo Usineiro Giácomo, que pertencia a Amador (Victor Fasano), foi construída uma réplica da usina de Iracenápolis, que fica a 150 Km da capital paulista.
— Como a usina verdadeira está em funcionamento, fazemos apenas cenas gerais de lá. Os diálogos entre os personagens são feitos aqui na cidade cenográfica — explica Grimberg.
Com um olhar mais atento, é possível reconhecer alguns ambientes, como a fachada do prédio de “Pequena travessa” onde funcionava a discoteca do bandidão Samurai (Luka Ribeiro).
Os prédios são apenas fachadas. Os ambientes internos das casas são reproduzidos em dois estúdios, de 850 m². Cada um abriga de quatro a seis cenários fixos, além de outros quatro que são montados e desmontados conforme a necessidade.
Saindo da rua principal de São Bento dos Canaviais, o cenário muda. Tapumes imensos cobrem construções usadas em novelas anteriores, como “Marisol”, “Amor e ódio” e “Jamais te esquecerei”. Num começo de tarde em que o dia parece já estar chegando ao fim porque nuvens pretas anunciam que uma chuva torrencial cairá em breve, a sensação é quase a de se estar caminhando por um cenário de filme de suspense. Um coreto abandonado, pincelado por folhas secas e galhos de árvores, ainda espera o momento de ganhar apenas alguns retoques para abrigar novos personagens em uma novela futura.
— Achei este cenário tão bonito que resolvi mantê-lo como está — diz Grimberg, orgulhoso de sua cidade.
