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Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 21/01/2004
Autor/Repórter: Adriana del Ré

ESCRITOR DESISTE DE NOVELA EM MEIO A POLÊMICA

Mario Prata diz não ter gostado de mudanças feitas em seu texto; produtora nega desentendimento

O escritor Mario Prata retoma a partir de hoje sua crônica semanal no Caderno 2. Prata iria ficar seis meses afastado, para escrever a novela da Rede Record, dirigida por Tizuka Yamazaki, com estréia prevista em março, e inicialmente intitulada Metamorphoses (mas que, segundo ele, teve o nome mudado para Jóia Rara). O escritor, no entanto, decidiu se desligar do projeto. Ele conta - e traz mais detalhes em sua crônica de hoje - que não aprovou mudanças feitas no seu texto, incluindo cenas e diálogos. "O Boni nunca mexeu num texto meu, nem quando o ibope da novela em que eu era autor estava caindo", queixa-se. "Não estou acostumado a trabalhar assim. Se fosse bom, eu nem falaria nada, ficaria quieto."

A responsável pelas modificações, de acordo com Prata, teria sido a dona da produtora Casablanca, Arlete Siaretta, que realiza o projeto em parceria com a Record. "Dona Arlete tinha a sinopse dela e eu, minhas idéias; trabalhamos uma semana em cima disso, mudamos o nome para Jóia Rara. Foi tudo aprovado."

Ele começou a escrever os capítulos e, quando estava no oitavo, soube que ela havia feito as tais mudanças. "Logo no primeiro capítulo, há uma interminável cena em que um médico explica a importância da cirurgia plástica."

Ele diz ainda que a amiga Tizuka tentou intermediar a situação, mas Arlete teria se mostrado irredutível em relação aos acertos, assegura ele. "Não houve qualquer imposição dos bispos, como muitos podem imaginar." Prata acha interessante que a Record abra um novo espaço para teledramaturgia no Brasil, quer que a novela vá adiante, mas prefere se afastar. "Eu não queria escrever novela, foi um pedido da Tizuka, que não tinha um autor e o projeto poderia parar."

Tizuka foi procurada pela reportagem na segunda-feira, mas não foi encontrada, pois, segundo seu assistente, ela estaria atribulada com o primeiro dia de gravação da novela. Já a Record preferiu não se manifestar sobre o assunto. De acordo com sua assessoria de imprensa, a produtora Casablanca é responsável por todas as decisões, que são acompanhadas pelo diretor-artístico da emissora, Del Rangel. A assessoria afirma ainda que a próxima autora responde pelo nome de Charlote Karowski, mas diz não ter detalhes sobre ela.

Na verdade, a existência de Charlote é uma incógnita. A equipe de Tizuka garante que ainda não existe uma autora substituta. Já a Casablanca, representada por seu porta-voz, Antoninho Rossini, garante que Charlote é uma ghost-writer, cercada por uma equipe de autores. Há quem diga ainda que Arlete se esconde atrás desse pseudônimo. Rossini diz não ter essa informação, mas não descarta a hipótese. "Não sei quem é Charlote e nem tive vontade de saber."

Rossini desmente ainda as diferenças entre Arlete e Prata, que teriam culminado com a saída do escritor. Segundo ele, "não foi uma saída". "É que o contrato de Mario Prata terminou em dezembro. Ele recebeu o briefing e fez a estruturação da histórias, ajustes dos personagens." Na versão da produtora, Prata teria sido contratado só para essa fase de estruturação da sinopse. "A partir de agora, vão desenvolver a novela com base no que ele fez."

Indagado sobre o fato de Mario Prata ter pedido seis meses de licença de sua coluna no jornal para se dedicar à novela, Rossini desconversou e reafirmou que o autor tinha contrato até dezembro apenas. "O projeto Metamorphoses dura seis meses, o que não quer dizer que o contrato dele previa mais esses seis meses. Cumprimos o contrato do começo ao fim." Prata confirma que tinha um contrato inicial para a criação da sinopse, mas que daria continuidade ao trabalho como autor - o que a própria Arlete havia admitido em entrevistas que concedeu em dezembro.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 93951