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Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 26/05/1996
Autor/Repórter: Carla França

CIGARINI QUERIA ESTICAR A CORRIDA

Atriz que faz namorada de Antônio defende que trama do SBT atinge seu objetivo

Antes de estrear na novela A Éramos Seis, do SBT, em 1994, como a ressentida Carmencita, Eliete Cigarini já era conhecida do público por meio dos comerciais. Fez cerca de duzentos, o que lhe garantiu, por muito tempo, a sobrevivência. Foi também graças ao trabalho de garota-propaganda que ela pôde se dedicar à sua paixão: o teatro. Atualmente, defende a costureira Tereza, namorada suburbana de Antônio (Fábio Jr.) em Antônio Alves, Taxista, do SBT.

Eliete reconhece as dificuldades de se fazer uma novela que, ao contrário da bem-sucedida Éramos Seis, começou e caminha com problemas. Mesmo assim, a torcida era para que Fábio Jr. aceitasse continuar na produção, condição que possibilitaria ao Ronda Studios esticar a trama de 78 para 120 capítulos. "Criamos um clima muito amigável, lá na Argentina, viramos uma família e vamos sentir quando tudo acabar.

Retorno - Antônio Alves, Taxista não prima pela qualidade técnica, muito menos pelo texto. A despeito da crítica, Eliete acredita que a novela está alcançando seus objetivos. "O retorno vem do público, que está gostando," avalia. "A proposta era essa mesmo: exibir uma história simples." Os tropeços na tradução do espanhol para o português que tanto irritaram Sônia Braga também não a incomodam. "No início tive dificuldades, mas faz parte do trabalho do ator adequar o texto ao personagem."

Alto astral, Eliete faz a linha de bem com a vida. Diverte-se ao contar que, como o pai de Fábio Jr., o seu também era taxista. E, também a exemplo do galã, a coincidência a levou a gostar ainda mais do folhetim argentino.

Eliete se adaptou muito bem ao modo de vida dos argentinos. Nos intervalos das gravações, aproveita para ver as peças em cartaz na capital argentina e, sempre que dá, cai nas pistas das badaladas tanguerias. Salário não é motivo de queixa. Ela admite que ganha mais do que se estivesse trabalhando aqui e o suficiente para correr atrás da montagem da peça A Prostituta Respeitosa, de Jean Paul Sartre. Único motivo de queixa é a saudade do marido, o ator Antouni Nakhle, com quem quer oficializar a união: na Igreja e no papel. Mas até estes planos ela adiaria para que Tereza possa lutar mais pelo amor do taxista.

Começo - Há dez anos, Eliete nem sonhava em ser atriz. Fazia faculdade de Comunicação e ganhava "muito bem" como secretária executiva de urna multinacional. "Mas não estava feliz." Um dia, uma amiga a convidou para fazer uma aula no Teatro Escola Macunaíma. Em menos de um mês sua vida mudou: trancou a faculdade, largou o emprego e vendeu o carro para bancar a aventura de fazer teatro. Um ano depois, surgiram os convites para comerciais.

Em 1984, fez sua primeira peça profissional, Velhos Marinheiros, de Jorge Amado, pelo Centro de Pesquisa Teatral (CPT) coordenado por Antunes Filho e o Grupo de Arte Boi Voador, que ela ajudou a criar. Em 93, recebeu a indicação para o Prêmio Shell de melhor atriz pela atuação na peça Tamara, de John Krizane e conquistou o Prêmio da Associação Paulista de Espetáculos Teatrais (Apetesp) por Chapeuzinho Adormecida no País das Maravilhas, de Flávio de Souza.

Na época das vacas gordas, como ela define, recebeu convite de Sílvio de Abreu para uma participação na novela Sassaricando, da Globo. Interpretou Roberta, a amante "de mentirinha" de Leozinho (Diogo Vilela), para despertar ciúme da mulher dele, Fedora (Cristina Pereira).

Em 1994, o diretor Nilton Travesso a escalou para atuar e dirigir o elogiado elenco mirim de Éramos Seis. "Foi maravilhoso", diz. "Antes, as pessoas me abordavam para dizer que me conheciam de algum lugar, hoje já me chamam pelo nome."

Elite também tem a voz como trunfo na carreira. Faz narrações para documentários como Cenas do Século, da Cultura, onde apresentou durante cinco anos o programa Saúde.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 99669