PUC-Rio

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 09/09/1989
Autor/Repórter: Mànya Millen

BRIGA DE ANJOS

'Terceiro pecado' em versão bem-humorada

Discutir o sexo dos anjos sempre foi sinônimo daquelas intermináveis conversas, geralmente recheadas de "abobrinhas" que não levam a lugar algum. Mas a partir do dia 25 de setembro, a discussão sobre os anjinhos pode girar em torno da nova novela das 18h, na TV Globo: "O sexo dos anjos", de Ivani Ribeiro. Trata-se, na verdade, da versão reciclada de uma mesma história, levada ao ar há 23 anos, sob o título de "Terceiro pecado".

- Acho muito boa a temática da novela e há toda uma geração de telespectadores que sequer ouviu falar de "Terceiro pecado". A primeira versão passava-se na década de 20 e era essencialmente romântica - recorda a autora.

A trama central é simples: o Anjo da Morte, sob a aparência de uma bela mulher (Bia Seidl), envia à Terra seu emissário favorito, Adriano (Felipe Camargo), para resgatar Isabela (Isabela Garcia). Esta, porém, revela-se logo um verdadeiro anjo - simpática, altruísta, delicada e linda. Assim, arrebata o coração do mensageiro, que propõe uma troca ao Anjo da Morte, oferecendo-lhe Rute (Sílvia Buarque), a irmã mesquinha e invejosa de Isabela. Mas o Anjo quer a escolhida de qualquer jeito, porque sua hora, segundo ele, já chegara.

Em plena modernidade, os anjos poderiam ficar seriamente deslocados, entre tantos edifícios e tanta tecnologia. Por isso, Ivani Ribeiro deu à novela boas doses de humor, responsáveis pela leveza da nova versão.

- O Anjo da Morte é apenas uma alegoria, que serve de suporte a uma série de citações objetivas, atuais. Uma nova linha bem-humorada, com a criação de muitos outros personagens, vai afastar qualquer prevenção lúgubre com a alusão à morte - esclarece.

A novela vai se tornar uma brincadeira de gato e rato entre o Anjo e Adriano, que ao conhecer Isabela quer abdicar de sua imortalidade, desde que possa amar e ser amado pela garota.

Sem apelos fantásticos ou conotações religiosas, até porque não acredita em anjos - "só nos anjos dos grandes pintores, que não perturbam ninguém" -, Ivani Ribeiro constrói a trama sobre situações e personagens bem atuais e verdadeiros. Como Norma Benguell, que volta às novelas na pele de Vera, a mãe possessiva e superprotetora, que quase destrói o filho José Paulo (Irving São Paulo). Ou Leonor (Míriam Pérsia), a mãe atribulada, sempre às voltas com os filhos Isabela, Rute, Otávio (Humberto Martins) e o surdo-mudo Tomás (Marcos Frota).

Ainda no elenco, entre outros, Mário Gomes, como o sertanista Renato, e Rodolfo Bottino, no papel de Cássio, um filho que tem vergonha do pai.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 10156