PUC-Rio

Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 07/07/1996
Autor/Repórter: Eduardo Elias

ELE SAI DA SOMBRA DE RÁ-TIM-BUM

Depois do sucesso no castelo da Cultura, Cássio Scapin, mostra versatilidade como o bandido Miro de ''Razão de Viver" do SBT

Ele ficou íntimo das crianças ao interpretar o Nino de Castelo Rá-Tim-Bum, da Cultura. Agora, no SBT, faz um personagem capaz de matar enquanto conta uma piada. Como o fora-da-lei Miro, de Razão de Viver, Cássio Scapin confirma, em sua primeira novela, a versatilidade que já o premiou no teatro.

"Miro é um tremendo mau caráter, mas também tem muito humor'', diz Cássio, que diz ter se inspirado nos personagens do diretor Quentin Tarantino. Aos 30 anos, ficou surpreso com a flexibilidade que uma novela exige dos atores. "Nunca sei o que vai acontecer na semana seguinte.''

Foi bem diferente nos 90 episódios de Castelo Rá-Tim-Bum. Cássio sempre sabia os rumos do aprendiz de feiticeiro que morava no castelo há 300 anos. "Nunca trabalhei tanto: oito horas por dia, de segunda a sábado." Mesmo assim, sente saudades do Nino. Saudades que vão terminar em breve. No segundo semestre, o diretor Cao Hamburger deve transformar a série num filme de 3 milhões de dólares.

Fôlego - Não é à toa que falta tempo para Cássio namorar ou conferir sua atuação na novela do SBT. Ele não pára. Mesmo sem muito de química é o

professor do Telecurso 2º Grau. É o marido de Ângela Dip nos comerciais do Uemura Home Center e ainda está na peça História do Homem - que discute os problemas do macho moderno. "É uma comédia leve, quase um besteirol''.

Os pais do menino que morava na Zona Norte de São Paulo bem que tentaram convencê-lo a desistir da idéia de ser ator. "Eles prefeririam que eu fizesse coisas mais rentáveis, como trabalhar num banco, por exemplo." Não adiantou.

Aos 15 anos, começou um curso no Teatro Célia Helena Três anos depois entrou na EAD (Escola de Arte Dramática) da USP Lá, conheceu um grupo italiano de teatro que o convidou para o papel principal de Pinóquio - espetáculo que lhe rendeu o prêmio Mambembe de ator revelação.

O mesmo grupo fez então outro convite: queria que ele interpretasse a peça na Itália "Isso foi numa terça, na sexta eu embarquei", conta Cássio que, literalmente, embarcou - a viagem foi em navio cargueiro. Passou um ano na Europa, fazendo peças, cursos e conhecendo muita gente.

De volta ao Brasil, Cássio terminou o curso na EAD e ingressou no elenco de O Despertar da Primavera, primeiro espetáculo solo de Ulisses Cruz. Depois, estreou em monólogos com Diana, de Celso Frateschi - que lhe valeu o prêmio de ator revelação da APCA - Associação Paulista dos Críticos de Artes.

Juntou-se então ao grupo Tapa, foi dirigido por Marília, Pêra em Palmas para o Senhor Diretor e esteve na peça Tamara. No espetáculo, o público andava por uma casa-palco, em que ocorria uma série de histórias. Cao Hamburger viu, gostou e convidou Cássio para o teste do Castelo Rá-Tim-Bum. "Fiz e saí sabendo que o papel era meu", conta.

Um dos atores mais populares entre os funcionários do SBT, Cássio admite que seus personagens têm sempre um lado divertido. Mas o ator não quer nem ouvir falar que isso define seu estilo. "Sempre fiz personagens densos no teatro", protesta. "Não sou humorista, sou um ator e sei me adequar a vários gêneros", insiste. Se ele for como o Miro, é bom não teimar.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 102365