![]()
PUC-Rio
![]()
Jornal/Revista: O Globo Data de Publicação: 08/10/1989 Autor/Repórter: Teresa Tavares
![]()
A HISTÓRIA DA TV POR DOLABELLA
Carlos Eduardo Dolabella, o policial Orestes de "Kananga do Japão'', escreverá um livro sobre a TV e excursionará pelo Brasil com uma peça
Carlos Eduardo Dolabella pensa em escrever um livro que conte a história da televisão brasileira. Material para isso, ele tem. São quase 30 anos de vida artística, dos quais 20 na TV Globo, onde participou de 17 novelas e vários casos especiais, além de ter atuado também nas extintas TV Tupi e TV Excelsior.
A intenção do ator é descrever sua trajetória. relatando casos pitorescos e histórias interessantes de que tomou conhecimento.
- Quase não existem registros escritos dos últimos 30 anos da televisão brasileira, o que é imperdoável. Essas três décadas são de importância fundamental e não podem deixar de ser descritas. Vou contar os bastidores, mas também pretendo fazer uma espécie de auto-biografia.
Atualmente, Dolabella interpreta o policial Orestes, em "Kananga do Japão". O personagem irá centralizar, na trama, a repressão policial no período de Getúlio Vargas. Mas o ator não se importa com isso: o que o atrai quando atua são as várias facetas do personagem.
- Não existe ninguém totalmente bom nem completamente mau. E é com essa visão que eu interpreto o Orestes. Ele é um personagem de ficção, baseado em situações reais. Vai torturar, matar. Mas ele também será apaixonado e tratará com carinho a mulher. É essa complexidade do personagem que mais me agrada.
Além de Neco Pedreira, de ''O bem amado", Dolabella, destaca, entre os personagens de que mais gosta, o delegado Falcão, de "Irmãos Coragem", o primeiro que lhe deu notoriedade em TV, e Sebastião Gadelha, de " O pagador de promessas", na TV Globo, onde foi dirigido por Tizuka Yamazaki, com quem volta a trabalhar em "Kananga do Japão".
- É fantástico ser dirigido por ela, uma pessoa que conhece o ramo e impõe respeito pelo seu alto nível profissional. Estou muito satisfeito por voltar a trabalhar com ela.
O novo projeto em que Dolabella está empenhado é viajar com uma peça pelo Brasil, como aconteceu em 1982, com "Viva sem medo suas fantasias sexuais", e depois com "Extremos".
- Tenho vontade de repetir a dose. Excursionei pelo País em cima de um caminhão e vi como o Brasil, apesar de tão grande, ainda é pouco conhecido pelos brasileiros. A experiência foi tão rica que vou repeti-la.
O 'IRMAOZÃO' DOS FILHOS - Um diálogo franco e aberto
Carlos Eduardo Dolabella cuida com o maior carinho dos quatro filhos que moram com ele numa cobertura no Leblon - um de 18 anos, outro de 14 e os dois mais novos, com Pepita Rodrigues, de 9 e 6 anos. Com os mais novos, é sempre exigente em relação às notas da escola; com os mais velhos, a preocupação é de alertá-los em relação ao perigo das drogas.
- Essa é uma questão que não pode ser descuidada. Procuro conversar com eles e mostrar que este não é o caminho.
Além disso, o ator procura estimular os filhos à prática dos esportes. Na sua avaliação, esta é uma das melhores maneiras de se prevenir contra o vício.
Dolabella tem ainda uma filha, de 27 anos, que mora nos Estados Unidos. Segundo explicou, a eles ensinam na escola os perigos da droga, o que, na sua opinião, é de fundamental importância para que a criança tome conhecimento do mal que o vício pode trazer.
- Acho que não podemos ser repressores e dizer "não", simplesmente. Isso cria uma atitude rebelde. E preciso fazer com que o jovem compreenda o risco que está correndo.
Apesar de toda essa preocupação com os filhos, Dolabella tem com eles uma atitude de irmão mais velho, "irmãozão" como diz. Vai com eles aos estádios de futebol, ver os jogos do Flamengo.
A família é toda Botafogo. Mas eu, meu irmão e meus filhos somos ovelhas rubro-negras e nos orgulhamos disso.
Dolabella não perde os jogos do Flamengo e tem uma bandeira do clube no terraço de sua cobertura.
- O Flamengo é mais que uma paixão, é uma religião.
![]()
Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 10374