SÍLVIA PFEIFER NÃO TEME APONTAR AS SUAS FALHAS
A bela Sílvia Pfeifer está de volta à Telinha. Agora na pele da refinada Isadora Venturini, uma das principais personagens da novela Meu bem, meu mal, que estréia amanhã na TV Globo, no lugar de Rainha da Sucata. Ao contrário da frágil Cláudia da minissérie Boca do Lixo, que marcou sua estréia como atriz, Isadora é urna mulher ambiciosa e misteriosa. Logo no primeiro capítulo da história, de autoria de Cassiano Gabus Mendes, o seu marido Cláudio (Herson Capri) faz uma confissão minutos antes de morrer, vítima de derrame cerebral: "Eu te odeio, Isadora! Sei de tudo".
Quem será essa mulher, mãe de dois filhos adolescentes, que para a sociedade é exemplo de esposa perfeita e fiel? "Na verdade Isadora é uma mulher infeliz, que casou cedo e só consegue se relacionar com as pessoas visando algum proveito. Ela tem sede de poder, nada mais", define a modelo gaúcha Sílvia Pfeifer, 32 anos, 1,80m, acrescentando que para compor o personagem está utilizando algumas técnicas exigidas nos quase 13 anos de passarela, como a postura ereta e a gesticulação comedida para deixar transparecer a figura de mulher fria e calculista.
Com uma simpatia que conquistou todos os colegas de elenco, Sílvia conta que por não ser atriz sindicalizada está tendo "alguns probleminhas" com a entidade que representa os artistas. Mas por pouco tempo, diz, esclarecendo que a Vênus Platinada está tomando as devidas providências para ela não ser acusada de inflacionar o mercado.
- Acho o sindicato corporativista, pois acredito que em nenhum outro país é necessário ter carteirinha para provar que se tem talento, que se sabe representar pondera a modelo, mãe de Emanuella, de cinco anos.
Sentada descontraidamente no terraço da emissora do Jardim Botânico, Sílvia conta sem pudor que se considera uma atriz iniciante, com uma série de falhas. Quais? Ela responde sem pestanejar que a principal dificuldade ainda é colocar a voz e a expressão, sobretudo facial, na mesma medida. "Sem exagero. No ponto certo." Mas é questão de tempo, avalia. Pois desde o convite de Walter Moreira Salles, em 88, para fazer um longa-metragem - do qual acabou não participando - ela vem tomando aulas de voz com a Glória Beauttenmuller, professora de 10 entre 10 atores da Globo. Isso sem falar nas aulas de interpretação com o ator Sérgio Brito, paralisadas, recentemente,-devido a duas operações que fez para corrigir os cinco graus de miopia.
- Agora com a novela não tenho tempo para nada - lamenta, para depois frisar que está vivendo um novo desafio, uma nova fase de vida. Decididamente está deixando a gloriosa carreira de modelo para se dedicar de vez à arte de representar.
''O IMPORTANTE É TER TALENTO'' - ''Não dá para ser modelo a vida toda," afirma a modelo Sílvia Pfeifer, que gosta de cinema, arte através da qual começou a explorar sua veia de atriz. Ela conta que por exigência do cineasta Walter Moreira Salles foi aluna durante cinco meses da premiada diretora Bia Lessa. Mas a Grande Arte, uma co-produção americana, sofreu algumas modificações e Sílvia foi substituída por uma atriz americana. Coisas do cinema.
Mas há males que vêm para o bem. Com o vídeo do trabalho que desenvolveu pelas mãos de Bia Lessa, a modelo procurou o todo poderoso Daniel Filho. Ele gostou do que viu e o resto o telespectador já sabe.
Primeiro, Boca do Lixo. E agora, como poucas manequins e modelos que iniciam carreira na telinha, Sílvia tem a responsabilidade de assumir um dos principais personagens do horário nobre.
- E difícil atingir o estágio a que cheguei como modelo. No momento, vivo um novo desafio que está me deixando muito feliz. Sei que é desgastante mas estou cada vez mais envolvida, diz, Sílvia, para quem é natural que estejam sempre surgindo modelos no vídeo lutando por um lugar sob os refletores.
"Chance sempre se deu, vide a Mila Moreira, a Isis de Oliveira, a Luma e tantas outras. O importante é ter talento, seja modelo ou não," diz com um belo sorriso de conquista.
