PUC-Rio

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 10/01/2010
Autor/Repórter: Zean Bravo

'NÃO GUARDO HISTÓRIA'

Autor principal de uma novela pela primeira vez, Bosco Brasil promete ritmo ágil com um quê de quadrinhos

Dramaturgo bem-sucedido no teatro e colaborador bissexto de novelas como “Torre de babel” e “Coração de estudante”, Bosco Brasil avisa que o ritmo de “Tempos modernos” — primeira trama com sua assinatura como autor principal, que estreia amanhã, às 19h — será bastante acelerado. O novelista escreveu cenas rápidas e curtas para contar a história do homem que construiu um imponente prédio equipado

com inúmeras câmeras de segurança. Sua intenção maior, diz, é discutir a delicada relação entre seres humanos e máquinas.

— Acredito em não guardar história. Se a trama é boa, tem que contar — afirma Bosco, que fará homenagens ao romance policial de espionagem, sem esquecer o aspecto melodramático dos folhetins. — O universo dos quadrinhos também será uma referência assumida.

O autor, que conversou com a Revista da TV por telefone, explica ainda que a trama de um dos principais personagens de “Tempos modernos”, o computador Frank, terá tom de fábula.

— Gosto de trabalhar no limite do realismo. Trago isso do teatro — conta Bosco, sem temer a nova empreitada. — A parte mais tranquila de assinar novela é escrever. No momento em que você passa a responder pela trama vira quase um executivo, um engenheiro de produção. A minha conversa agora é direto com os chefões. Hoje tenho umas 500 pessoas na minha dependência.

Durante a entrevista, Bosco acha graça do fato de fazer parte da nova geração de autores “com quase 50 anos” (ele tem 49). E lembra que por muito tempo a renovação do quadro de novelistas foi deixada de lado.

— Os veteranos começaram numa época em que a TV podia ousar, não existia medição de ibope. Não é minha intenção inovar nada. O que estou propondo é ser o mais sincero possível. Mas você vai encontrar um cara meio amalucado ali. Os personagens são como eu, são largados e se arrebentam. Todos falam com o coração — revela o autor, que acredita muito na história que vai contar. — Não tenho plano B.

Bosco não tem pudor em afirmar que algumas de suas experiências de vida serão abordadas na trama. A relação de idas e vindas de Leal (Antônio Fagundes) e Hélia (Eliane Giardini) terá um quê de autobiográfico.

— Há anos que o meu casamento é assim. Eu me separo e volto. É típico da minha parte — ressalta. — Leal e Hélia são turrões e certamente vão ficar juntos. Também estou cheio de coisas mal resolvidas na minha vida.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 161724