PUC-Rio

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 03/09/1993
Autor/Repórter: Armando Antenore

JUCA DE OLIVEIRA VOLTA ÀS NOVELAS EM ''NOVA CALIFÓRNIA'' (''FERA FERIDA'') APÓS 11 ANOS

Juca de Oliveira está voltando à TV. Após 11 anos sem trabalhar na telinha, o ator e dramaturgo aceitou convite da Globo para participar de "Nova Califórnia", novela que substituirá "Renascer". Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn assinam a trama, baseada em contos e romances do carioca Lima Barreto (1881-1922). As gravações começam no fim do mês. A emissora ainda não definiu a data de estréia.

O ator viverá o professor de literatura Praxedes de Menezes, que dirige o jornal de Tubiacanga, cidade onde a história se desenrola. "O Praxedes é um sujeito erudito, que faz citações em latim e francês. Um cara que corrige compulsivamente os erros gramaticais de amigos, colegas e familiares", define Oliveira, 58.

Para criar o misto de professor e jornalista, os autores tomaram como ponto de partida dois personagens de Lima Barreto: o Capitão Pelino (que está em "Clara dos Anjos") e o gramático Lobo (que destila caturrice vernácula no implacável "Recordações do Escrivão Isaías Caminha").

Em 35 anos de profissão, Juca de Oliveira já fez 15 novelas. Na Tupi, onde atuou entre 1964 e 1972, alcançou grande popularidade com "Nino, o Italianinho" (1969/70) e "A Fábrica" (1971/72), ambas de Geraldo Vietri. Na Globo, protagonizou "O Semideus" (1973/74), "Fogo sobre Terra" (1974/75), "Saramandaia" (1976) e "Pecado Rasgado" (1978/79). Finalmente, na Bandeirantes, em 1982, participou de "Ninho da Serpente".

"Sou e sempre serei um homem de teatro", proclama Juca de Oliveira, remanescente do Arena. "Acontece que, quando eclodiu o golpe de 64, o palco tornou-se inviável. A censura fazia marcação cerrada. Sem alternativas, dramaturgos importantes migraram para a TV, onde ainda era possível respirar - até porque as telenovelas não tratavam de temas tão explosivos quanto as peças de teatro. Os atores seguiram, então, o rastro dos autores. No fim dos anos 70, com o início da abertura política, achei que chegara a hora de me dedicar apenas à atividade teatral. E, sem mágoas ou medo, abandonei a TV. "

Resolveu voltar agora porque gosta de Aguinaldo Silva - "seus personagens são densos, engraçados'' - e porque terá a chance de contracenar com "colegas excepcionais", como Lima Duarte. "A televisão não é boa nem má. É apenas um jeito eficaz de falar às massas. Ruim mesmo é o ator tornar-se escravo da TV. A televisão empobrece dramaticamente qualquer intérprete."

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 22762