PUC-Rio

Jornal/Revista: O Globo
Data de Publicação: 06/11/1993
Autor/Repórter: Virgínia Viveiros

O ANJO FLUTUANTE DE ''FERA FERIDA''

Cláudia Ohana volta a viver um tipo exótico

Passaram-se dois anos, e Cláudia Ohana trocou o rock pelo canto lírico, o visual dark por camisolas brancas. Só os efeitos especiais é que continuam os mesmos. Se, em "Vamp", Natasha fazia o diabo com seus caninos, em "Fera ferida", a próxima novela das oito, Camila vai flutuar. Literalmente.

Não me dão personagens normais para fazer. Acho que eu tenho cara de efeitos especiais - diverte-se Cláudia, que pensou em pintar os cabelos de louro para ficar mais angelical, como pede a personagem.

Na galeria de tipos exóticos, inclusive no cinema ("Erêndira", "Luzia Homem"), Camila é uma mulher etérea, mágica, meio bruxa e vidente. Ela só anda de camisola, carrega flores, levita e canta árias de ópera, que ainda não foram escolhidas pela atriz. A personagem entra no capítulo 24, com uma historinha bem peculiar: depois de ficar dormindo por três meses, acorda com o cheiro da comida preparada pela tia.

É o oposto do que eu fazia em "Vamp", e o autor, Aguinaldo Silva, a definiu como uma mistura de Bela Adormecida e Joana D'Arc. Mais tarde, o povo da cidade vai querer queimá-la, por achar que ela é uma feiticeira. Ela vê as coisas que vão acontecer e, mesmo dormindo muito tempo, já acorda sabendo de tudo que está se passando na cidade - explica.

Na conversa que teve com Aguinaldo, Cláudia se preocupou em fazer uma pergunta: "eu vou poder fazer de tudo?". Ele não só afirmou como garantiu que pode acontecer qualquer coisa com a personagem. Camila é uma caixinha de surpresas. Apesar de condenada à morte, ela vai sobreviver até o último capítulo.

Em "Vamp", eu pude brincar à vontade. Mudava sempre o jeito de interpretar. Eu comecei fazendo a Natasha com um estilo Mortícia Addams, mas era pesado para o horário das sete. Aí, terminei um pouco Penélope Charmosa.

No cinema, Cláudia é uma mulher reprimida que descobre sua sensualidade depois de sofrer uma tentativa de estupro. "Erotique" será lançado no exterior no ano que vem. A atriz está com o projeto de viver Anita Garibaldi na tela e já convidou Ruy Guerra para a direção.

- Ele me chamou para fazer três filmes ("Erêndira", "Opera do malandro" e "Bela palomeira"). Estava na hora de convidá-lo também. O cinema brasileiro está começando de novo.

Apesar de todo o entusiasmo, Cláudia queria mesmo cantar: "tenho mais facilidade para cantar do que para interpretar, me dá um certo nervosismo encarar a câmera". Ela chegou a formar banda e se apresentar em bailes com a música tema de Natasha, mas, na hora de lançar o disco, enfrentou obstáculos.

- Eu pensei que seria fácil encontrar um produtor musical, mas todo mundo me via como mais uma atriz que quer virar cantora. Desisti, por enquanto.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 23352