PUC-Rio

Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 19/12/1993
Autor/Repórter: Marcelo Migliaccio

BELEZA ANALFABETA DE REMÉDIOS DERRUBARA PRAXEDES EM ''FERA FERIDA''

Bela e ignorante, personagem de Luíza Tomé cresce graças a romance com o filólogo de Tubiacanga

Menos bronzeada do que é seu hábito, e bonita como sempre, Luíza Thomé volta às novelas tiara fazer Maria dos Remédios em "Fera Ferida", novela das 20h30 da Globo. O personagem é secundário, mas é cheio de mistérios - como convém a um autêntico tipo criado por Aguinaldo Silva - e promete crescer em breve, graças a um romance inusitado.

Há dois mistérios em torno da formosa Maria dos Remédios. O primeiro é sua suposta virgindade: a trama insinua que ela não transa com o marido Chico da Tirana (Tonico Pereira), com quem casou-se com a a vontade. Diz-se dela, ainda, que não sabe ler. A personagem jura, contudo, que só tem "vista cansada".

O caso Remédios terá um desdobramento inesperado. Para resolver os enigmas de uma analfabeta com problemas afetivos, nada melhor que um erudito garanhão. A ignorância da personagem vai cativar o filólogo de Tubiacanga, Praxedes (Juca de Oliveira).

''Acho que ela vai se encantar pelo professor, por quem alimenta um certo fascínio", antecipa Luíza, 31. O encontro da moça - que, na vida real, recheia as páginas da revista "Playboy" deste mês- com o consagrado ator paulista deve ser uma das próximas atrações de "Fera Ferida".

Que uma bela como Remédios caia pelo baixinho Praxedes não surpreende Luíza. A atriz diz que não é, ela própria, muito chegada às aparências. "Fui casada seis anos com o Mário Márcio Bandarra (diretor), que não é nenhum símbolo sexual", diz.

"Tem muito homem bonito por aí que você pára para olhar e não vê nada mais além da beleza", filosofa a atriz, que mantém o nome do namorado atual - com quem está há oito meses - em segredo.

Posar nua foi uma decisão bem pensada. "Relutei muito, mas as pessoas mudam de idéia, não é?", diz, omitindo o valor dos argumentos verdes da revista.

Para fazer as fotos de "Playboy", Luíza acabou indo parar em São Bento de Amontada, Ceará, cidade onde nasceu e morou até os 3 anos de idade. Lá, subiu nas árvores que escalava quando pequena e exibiu suas formas ao lado da casinha onde nasceu.

Gravando durante boa parte da semana, Luíza restringiu agora seus exercícios físicos às aulas de alongamento. "Mas é um alongamento 'punk', mais forte que muita aeróbica por aí. Quando não estou atuando em novelas, faço também dança espanhola".

Para os que estranharam a pele branca da Maria dos Remédios, ela explica.

"Quis fazer algo diferente, sem aquele bronzeado das outras personagens que interpretei", diz.

Embora sonhasse ser atriz desde menina - pedia à professora para cantar e representar na escola -, Luíza fez faculdade de Direito pára contentar os pais.

"Essa cisma com a carreira artística é coisa que muitas famílias nordestinas têm. E aquele grande teatro dos julgamentos sempre me fascinou", conta.

Formada numa faculdade do Rio, ela conheceu o lado trágico da profissão visitando presídios durante estágio em escritório da área criminal, sua preferida.

Coisa do passado. Em 84, fez "Corpo a Corpo", sua primeira novela na Globo. Em seguida, vieram as novelas "Tieta" e "Pedra Sobre Pedra" e a minissérie "Riacho Doce". Todas de Aguinaldo Silva, a quem chama de "padrinho".

Como boa afilhada, ela elogia o autor e sua obra atual. "Ele sempre tem personagens muito ricos. O começo de toda novela é meio confuso, mas agora o conjunto está mais entrosado". Reclamações, ela só tem quanto ao número de comerciais exibidos durante os três intervalos da novela.

Bem alojada numa cobertura em Ipanema - "comprada com o dinheiro do meu trabalho" -, Luíza tem evitado não só as badalações noturnas como também as concorridas praias cariocas.

"Fico lendo roteiro, ou vou à casa de amigos", diz enquanto afaga Aimé, uma Weimaraner de três anos de idade - a exemplar canina mais cobiçada pelos machos da vizinhança.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 24041