PUC-Rio

Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 21/04/1996
Autor/Repórter: Luiz Costa

ALUNOS DERRUBAM TRADIÇÃO NA VOLTA ÀS AULAS

Em maio, nova atração do SBT traz estudantes brigando para defender mestre revolucionário

Elenco e produtores de Colégio Brasil não ligam para as comparações entre o infantilóide Carrossel, a descerebrada Malhação e a novela de 90 capítulos que o SBT vai estrear em 6 de maio, no horário - provável das seis.

"Colégio não tem clima de bofe-academia e nenhuma professorinha para canonizar", diz a ex-global Maria Padilha. "Uma novela é sempre parecida com outra, por isso é besteira esse papo de 'Carroção', o mix de Carrossel e Malhação", dispara o diretor Roberto Talma.

A novela começou a ser gravada em 19 de março na escola cenográfica de 1800 metros quadrados que Talma e José Paulo Vallone, sócios na produtora independente Fábrica de TV, construíram no bairro de Indianópolis, São Paulo. Desde o dia 2, as cenas de estúdio estão sendo rodadas. Cerca de 12 capítulos já estão prontos e, até a provável estréia, 26 estarão na agulha. Cada capítulo custa R$ 45 mil e Vallone espera 10% de lucro, com a novela.

Na semana passada, foram rodadas cenas em que, na volta às aulas, Lanceloti (Giuseppe Oristâneo), novo professor de Literatura do tradicional Colégio Brasil, conversa com a também nova professora de inglês Miss Dulce (Ítala Nandy). O assunto é a perseguição que vêm sofrendo da ala conservadora da escola dirigida por Edmo (Edwin Luise).

Triângulo - O estilo desencanado e os métodos pouco ortodoxos dos dois estreantes no colégio criam alvoroço entre a estudantada. Lancelotti faz sucesso entre alunas e professoras. Na juventude, foi o grande amor da chefe de disciplina, Nair (Maria Padilha). Impiedosa com os alunos, Nair sofre de remorsos quando lembra do filho que teve com Lanceloti, mas que abandonou na maternidade. A criança, paralítica, vive hoje com o pai, mas muitos capítulos virão antes de Nair descobrir o paradeiro dela. Até lá, ela será rejeitada pelo professor de Literatura, provocará sua demissão e engolirá a reação dos estudantes, que conseguem readmiti-lo.

"Ele é a vanguarda tem reações inusitadas e atraentes para os estudantes, como pular o muro quando chega atrasado", diz Giuseppe Oristâneo. "O personagem é uma boa oportunidade de mostrar, mesmo superficialmente, que ler é muito legal."

Lanceloti só tem olhos para Júlia (Patrícia de Sabrit), a professora de 1º grau. Careta, sentimental e vulnerável, ela se apaixona por ele, mas hesita em largar o namorado Mac (Afonso Nigro), professor de Educação Física. ''Júlia é certinha, mas vulnerável e disposta a mudar", diz Patrícia de Sabrit, que repugna semelhanças entre seu papel e o da Helena de Carrossel. ''Helena é um exemplo de pureza e não tem profundidade."

O chamado "conflito dramático" de Colégio Brasil virá com o desfalque que a secretária Teresa (Cláudia Lira) promove nos cofres da escola. Casada com Oswaldo (Henri Pagnocelli), o administrador do colégio, ele arma o golpe com a amante de Inácio (José Américo Magnoli), que cuida da cantina.

Para não comprometer o padrinho que o tirou das ruas e lhe deu abrigo na escola, o servente Manoel Boi (Taumaturgo Ferreira) assume a culpa quando descobre toda a trama dos amantes. "Os diálogos são diretos, o elenco é afinado e a história tem tudo para agradar", aposta Taumaturgo, com entusiasmo de estudante.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 32001