PUC-Rio

Jornal/Revista: Meio & Mensagem
Data de Publicação: 24/05/1999
Autor/Repórter: Lena Castellón

ATO CONSUMADO

DirecTV Brasil é vendida integralmente ao consórcio Galaxy Latin America

Após quase um ano de negociação, a holding TVA Tevecap, responsável pelos interesses do Grupo Abril no segmento de TV por assinatura, fechou na semana passada acordo de venda de sua participação total da operação da DirecTV no Brasil com o consórcio Galaxy Latin America (GLA). Os valores são mantidos em sigilo, mas nos bastidores do mercado corre a informação de que a transferência de ações ficou em torno de US$ 300 milhões. Criada em ]unho de 1996 e comandada pela Galaxy Brasil, a DirecTV foi o primeiro serviço de entretenimento DTH (direct-to-home) em banda KU no Pais.

Pelo mesmo acordo - que ainda será submetido à apreciação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) — a GLA adquirir também a participação de 10% que a TVA Tevecap tem no consórcio latino-americano. A TVA Tevecap é uma empresa formada por Abril (62,2%), Hearst/ABC (17,4%), Falcon (12,3%) e Chase (8,1%).

Na composição da GLA, a multinacional Hughes Electronics, empresa do Grupo GM, é dona da maior parte das ações (70%). O Grupo Cisneros, da Venezuela, detém 20% do negócio. Em novembro passado, a corporação americana havia adquirido as ações do grupo mexicano Multivisión (10%), consolidando seu controle dentro do consórcio. Agora, com a venda dos 10% que a Tevecap tinha na operação em DTH na região, o quadro acionário deverá ser alterado.

Além de levar os termos do acordo para a Anatel, a TVA Tevecap estará consultando os investidores nos títulos da holding no mercado externo. Ela lançará uma oferta de recompra desses títulos. Essa dívida financeira está avaliada em US$ 480 milhões. "Estamos oferecendo recompra com deságio. Ou seja, no conjunto, deveremos ter uma redução desse valor", revela José Augusto Moreira, presidente da TVA.

Os investidores terão dez dias úteis para dizer se aceitam o negócio. Moreira conta que o Chase, instituição financeira que dá apoio à TVA, acredita na plena aceitação do acordo. As negociações foram formalizadas na madrugada do dia 19. Entre os executivos presentes nas conversações finais estava Roxane Austin, da Hughes. A demora na definição dos interesses deveu-se a três fatores, de acordo com Moreira. "Primeiro, essa negociação é complexa. Segundo, envolvia várias partes. Terceiro, tivemos uma crise econômica que nos atrapalhou um pouco." Moreira garante que, apesar disso, sempre houve intenção de concluir o negócio.

CONSULTORIA

A transação milionária exigiu apoio de diversas consultorias, entre elas a Blocker Associados e a Salomon Brothers. Especialistas do setor calculam que não devem ocorrer mudanças dentro da diretoria da DirecTV brasileira. Estima-se que agora a operação de DTH concorrente da Sky se torne mais competitiva. "Esse acordo é coerente com nossa estratégia de continuar a expandir os negócios da DirecTV no Brasil e em outros países da América Latina", declarou Kevin McGrath, presidente da GLA. De acordo com ele, a operação brasileira tem ao mesmo tempo gente e infra-estrutura para garantir o suporte necessário aos projetos de crescimento no Pais "e para continuar a oferecer a seus assinantes serviços e conteúdos da melhor qualidade, com grande competitividade".

O presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, disse que o acordo permitirá à TVA Tevecap e à Abril redirecionar seus esforços para outros negócios e acelerar sua expansão. "Estamos certos de que a GLA também expandirá ainda mais a DirecTV no Brasil, ajudando a consolidar aqui o mercado de TV por assinatura", comentou por meio de comunicado oficial. A DirecTV tem atualmente 226,5 mil assinantes e oferece 143 canais.

De acordo com Moreira, não há motivos para que a Anatel apresente objeções ao negócio. Ele disse que não há restrições à participação estrangeira nas operações de TV paga transmitida por satélite. "A lei do cabo determina que o capital externo não pode ultrapassar 49% das acoes da empresa. Mas isso não se aplica às operações por satélite e nem por MMDS", assegurou.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 48231