PUC-Rio

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 10/02/1996
Autor/Repórter: Rose Esquenazi

SBT ENTRA NA ERA DA MODERNIDADE

Novela vai misturar temas clássicos com os conflitos atuais

Depois de três novelas de época, o SBT descobre a maravilha que é gravar uma novela contemporânea. "Pode ter barulho de helicóptero, de trânsito, de celular", comemorou o diretor do departamento de teledramaturgia Nilton Travesso, ao reunir o elenco de Razão de viver, que estréia no dia 9 de abril.

Como um ritual, Nilton marca um encontro com os atores, autores e a imprensa para a distribuição das sinopses e dos primeiros capítulos da nova produção. Desta vez, além de não se preocupar com os figurinos e trejeitos da época, a produção terá, pelo menos, 30 capítulos de frente. Pode não parecer muita coisa, mas a antecedência vai proporcionar correções de rumo, atitude impensável em Sangue do meu sangue.

Razão de viver está sendo adaptada por Regina Braga e suas colaboradoras Maria Celeste Lustosa e Virgínia Cavalcante. Foi um dos grandes sucessos do SBT em 1985, só que com outro nome Meus filhos, minha vida. Os autores do texto original, Crayton Sarzy, e Ismael Fernades, também foram convidados e comemoravam a maior audiência do SBT, que chegou a dar, na época, 22 pontos rio ibope. Um marco na emissora.

A história da mãe abnegada que faz tudo por seus três filhos fez muito sucesso. É tudo extremamente romântico e pungente", explica Crayton Sarzy, assessor da presidência do SBT e responsável pelo departamento de dramaturgia da emissora. "Nós temos a nossa maneira de fazer novela", garante.

Esse jeitinho já virou uma marca segundo Nilton Travesso. "Já temos um capital de público e um enorme carinho dele ", avisa o diretor que, dessa vez, vai baixar de 50 para 35 mil dólares o preço de cada capítulo e enxugar mais o elenco — de 39 atores em Sangue do meu sangue, passa para 26 em Razão de viver.

Para Regina Braga, a história é um dramalhão. "E qual novela não é?", pergunta-se a autora que vai mostrar a modernidade através do tratamento e da inclusão de fatos do cotidiano, como eleição e Olimpíadas. Irene Ravache, a "mãe Coragem", acha ótimo ter uma mulher conduzindo a trama. "Luzia, a minha personagem, não é diferente de Dona Lola, de Éramos seis. Todas as mães são parecidas", conclui a atriz. O jeito paulista estará na novela através das externas e das gírias.

Os conflitos de Luzia e seus filhos (Marco Ricca, Petrônio Gontijo e Gabriel Braga Nunes) vão girar em torno de personagens que circulam numa confecção. Lá trabalham Luzia, a estilista Zilda (a heroína interpretada por Adriana Esteves) e Iara (a dona, interpretada por Joana Fomm). Zilda vive entre o amor de dois irmãos e é enganada por André (Marco Ricca), que escolhe se casar com a rica Olga (Mayara Magri).

"Eu vou fazer uma daquelas peruas emergentes, bem tola e fútil mas que, ao chegar em casa, se transforma numa outra pessoa", antecipa Joana Fomm. Iara vai dividir o ódio do público com Ruffo (Raul Gazzola), um receptador de jóias, explorador de menores de ruas. Juntos, vão levar a família de Luzia ao inferno e o público do SBT às lágrimas. Estão no elenco também: Gianfrancesco Guarnieri, Fúlvio Stefanini, Bel Kutner, Claudia Liz, Eduardo Conde.

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 52838