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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo Data de Publicação: 19/05/2002 Autor/Repórter: Cristina Padiglione
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BAND REATIVA O BOM E VELHO 'CANAL LIVRE'
Imagens das entrevistas históricas realizadas pelo programa nos anos 80 vão compor a abertura da nova versão, que estréia no próximo domingo, com ancoragem de Márcia Peltier e participação de Fernando Mitre
Colocar o entrevistado na berlinda é o lema prioritário da nova versão do Canal Livre, programa que a Bandeirantes retoma no próximo domingo, dia 26, às 21h30. Aliás, "retomar" não é bem o termo porque, como bem diz o diretor de Jornalismo da emissora, Fernando Mitre, o País é outro, de contexto muito distinto daquele em que Oswaldo Sargentelli lia a Declaração dos Direitos Humanos ao encerrramento de cada edição. Mas, já que o título tem tanto crédito, o batismo convém à decisão de voltar a produzir um bom programa de entrevistas, produto que sempre constou da grade da Bandeirantes e que esteve ausente nos últimos tempos.
"A casa tem uma tradição em bons programas de entrevistas e estávamos sentindo falta disso. Daí, por que não trazer de volta o Canal Livre? E eu não queria que fosse mais um programa de entrevistas", argumenta o superintendente artístico e de programação da Band, Rogério Gallo, autor da idéia. O momento pré-eleitoral conspirou a favor do plano, sim, e as perspectivas das urnas terão prioridade no momento. Mas Mitre esclarece que a pauta não se resumirá ao cenário político.
Dentro dessa ordem, a principal meta para a estréia é juntar os quatro presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas: Luiz Inácio Lula da Silva, José Serra, Anthony Garotinho e Ciro Gomes. Não seria necessariamente para confrontá-los. Vai depender dos interesses de cada candidato e do cuidado para não permitir que o programa configure propaganda eleitoral, item proibido até 6 de julho. Caso o encontro não vingue, a segunda opção para a estréia é trazer só um deles e depois agendar os demais, um a um.
A âncora dessa nova etapa do Canal Livre é Márcia Peltier. Ela dividirá a mesa-redonda (redonda mesmo, não é força de expressão) com Mitre e mais um entrevistador, posto que, segundo Gallo, será ocupado provavelmente por um nome a cada semana, em ritmo de rodízio. No histórico do Canal Livre, a cadeira que agora cabe a Márcia já foi de Roberto D'Ávila (de 1980 a 83), Belisa Ribeiro (de 83 a 86), Marília Gabriela (87), Silvia Poppovic (88 a 89) e Flávio Gikovate (91).
Durante toda a trajetória do programa e com todos os âncoras que já teve, o Canal Livre sempre teve crédito e aval do público. "É um nome glorioso", diz Mitre. Gallo cita a "independência e a resistência" (num período em que a televisão mais bajulava do que atacava) como marcas registradas do programa.
Aprofundar a discussão, portanto, será essencial. "Teremos a preocupação de não deixar reticências do tema a ser tratado", diz Mitre. O diretor tem conhecimento sobre o que fala. Sabe que, em conversas com três ou mais participantes, o perigo de não concluir uma discussão é relevante. "É um risco que existe quando não se roteiriza o programa", diz.
Para valorizar o histórico do Canal Livre, a Band não vai apostar apenas na memória de quem acompanhou o programa na década de 80. Gallo faz questão de usar imagens áureas das entrevistas do passado para estampar a nova abertura. O Canal coleciona um elenco de causar comichão em qualquer entrevistador, em condições mais do que excepcionais. Tem Leonel Brizola quando voltou do exílio, Ulysses Guimarães e Franco Montoro brigando por eleições diretas, Tancredo Neves pouco antes de adoecer, Lula nos primórdios do PT, Mário Vargas Llosa e Darcy Ribeiro, só para citar alguns.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 78741