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PUC-Rio
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Jornal/Revista: Valor Econômico Data de Publicação: 31/03/2003 Autor/Repórter: Robinson Borges
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CANAL CULTURAL NASCERÁ EM JULHO EM UHF
A emissora NGT pretende ser uma mescla da programação da da Rede Cultura, do canal Futura e da MTV.
Depois de se dedicar durante décadas a implantar sistemas de rede de várias televisões educativas pelo país e de erguer as enormes torres e antenas da região da avendida Paulista, em São Paulo, o empresário Manoel da Costa, 56, decidiu ampliar as freqüência de suas ondas. No segundo semestre, vai inaugurar sua própria emissora de TV: a NGT (Nova Geração de Televisão). A concessão foi obtida há dois anos e o sinal vai ser transmitido pelo sistema UHF no canal 48, em São Paulo, e no canal 26, no Rio de Janeiro. A grade, prevista para ocupar 16 horas da programação, também integrará os pacotes de TV por assinatura.
"Nossa proposta é que a programação seja uma mescla de três emissoras referenciais: a MTV, a Futura e a Cultura. Não estamos preocupados com a audiência, inicialmente. Isso vai ser uma conseqüência natural", afirma Ricardo Rangel, 45, diretor geral da NGT. "Há anos, o Manoel vem se preparando para criar uma emissora voltada para cultura e educação, mas com uma visão alternativa às TVs educativas públicas. Foi com esse projeto que ele obteve a concessão", continua ele, que trabalhou anos no segmento publicitário e foi diretor da Rede Mulher.
O investimento total não foi revelado, mas todo o custo foi bancado pela empresa de Costa, a Mectrônica, especializada em equipamentos de alta tecnologia para TV. Apesar de não haver uma previsão definida de quando a emissora passará a ser lucrativa, Rangel diz que a recepção do mercado anunciante tem superado as melhores das expectativas.
"Houve uma receptividade muito positiva, principalmente das grandes empresas, que querem associar suas marcas à uma programação com a educação como horizonte", revela Rangel. "É uma boa oportunidade de divulgar seus trabalhos de responsabilidade social, um tema cada vez mais em voga para as grandes corporações."
Segundo Rangel, as 16 horas da programação deverão ser patrocinadas por três ou quatro empresas, com cotas "master" de anúncio. São companhias do segmento bancário, de papel e celulose e montadoras. Todas elas teriam se entusiasmado com a estrutura da programação, que será toda concebida por uma central cultural, que dirigirá os outros núlceos da emissora: variedades, ficção, jornalismo e esporte.
"O nosso conceito é de uma programação de muita qualidade e educativa, seja qual for o gênero", adianta. "Esses patrocinadores, entretanto, não terão influência sobre a programação nem sobre o conteúdo. O dinheiro externo não vai comprometer o projeto."
Alguns nomes já estão confirmados para tocar o plano geral da emissora. Outros são mantidos em segredo devido a contratos ainda vigentes com outras redes de TV. Na direção de núcleo e produção, o organograma estima 18 profissionais. Como conselheiro-geral da emissora estará Jacob Klintowitz, um dos mais importantes críticos de arte do país.
Na área de jornalismo, o comando estará a cargo de James Capelli, que já trabalhou no "Metrópolis" e no "Vitrine", da Rede Cultura. Na área de programas infantis, estará Fernando Gomes, que também participou da equipe de criação dos premiados "Castelo Rá-Tim-Bum" e "Cocoricó", ambos produzidos pela Cultura. O departamento de esportes será comandado por André Ribeiro, que já integrou o elenco da Bandeirantes. Na área de ficção e de música, Rangel promete dois grandes nomes: um diretor de cinema e outro realizador de grandes festivais no país.
"Vamos fazer uma grade com programas curtos, dinâmicos e com uma plástica especial", destaca o diretor. "Temos como proposta, por exemplo, a promoção do esporte olímpico, amador e patrocinar a competição inter-universitária. É uma forma de interagir com o público", comenta o diretor-geral. Mas qual é o seu público-alvo?
Rangel vai apostar suas fichas em todas as faixas-etárias. "A diferença é que seremos alternativos. Em cada horário, vamos apresentar um programa de conteúdo distinto do que a maioria das emissoras abertas mostram. Enquanto, à meia-noite, temos programas de sexo, ou colunismo social eletrônico, vamos exibir documentários e minisséries produzidos pela própria emissora", afirma o diretor.
Outra aposta é na programação infantil. Uma das atrações se chamará "Casa dos Sonhos" e vai ensinar culinária às crianças. "A grande preocupação será atrair o universo infantil para a importância da natureza e da alimentação saudável. Vamos misturar uma alface verde com uma beterraba vermelha e explicar que a diversificação é fundamental, de forma colorida. Nada de 'fast-food'", diz Rangel.
Enquanto a TV não entra no ar, Costa e Rangel preparam uma mostra que revelará as instalações da NGT por dentro. A exposição será inaugurada no dia 14, na rua Magalhães de Castro, 420, no Butantã. "Vamos fazer uma espécie de 'Casa Cor' televisiva e revelar os bastidores do canal que nascerá em breve. Já vamos iniciar nossos trabalhos interagindo e com uma perspectiva cultural: uma exposição", conclui Ricardo Rangel.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 86888