PUC-Rio
Documento Número: 197664 Jornal/Revista: O Globo Data de Publicação: 14/11/2013 Autor/Repórter: Patrícia Kogut
A REAÇÃO COLÉRICA DO FÃ FANÁTICO DE SÉRIES DIANTE DE UM 'SPOILER'
Quando saiu uma nota no site entregando o desfecho de "Breaking bad" - mais de um mês depois do encerramento da série nos EUA -, houve uma chuva de e-mails raivosos. Eram leitores reclamando daquilo que apontavam como spoilers. Esses estraga prazeres são capazes de despertar uma ira inimaginável no mais pacífico dos fãs de séries. Não provoque.
O "New York Times" publicou um artigo divertido e interessante sobre essa fúria. Nele, Taffy Brodesser-Akner descreve uma troca de e-mails com um amigo como ela, um apaixonado por séries. Uma das diversões dos dois é adivinhar o que vem nos próximos capítulos. Como o amigo é advogado e muito bom de argumento, na reta final de "Breaking bad", veio com uma série de teorias bem fundamentadas sobre o que aconteceria. Em uma delas, Walt vencia; na outra, Jesse; e numa terceira, até os nazistas. Finalmente, de acordo com uma última hipótese, todos morriam num acidente de carro. A coisa era tão verossímil que Taffy, desconfiada, respondeu: "Você sabe de algo? Porque, se souber, não quero falar contigo''.
A jornalista diz, finalmente, que adora dissecar num papo um bom programa de TV. Especular sobre os rumos da trama também é delicioso, diz ela, porém, com um perigo: o de ter razão. A especulação é o novo spoiler, deduz ela.
O texto leva a duas conclusões possíveis. Ou o público está esperto demais, ou os roteiristas estão repetindo seus truques.
Em português, não há uma tradução boa (ainda) para spoiler. Mas qualquer espectador de série sabe o seu significado, não importa o significante. É horrível quando alguém deixa escapar a solução de um mistério que estamos degustando lentamente.
Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 197664