'BATIDA' SURPREENDE A ROCHINHA
Sem presenciar batidas no morro há quatro anos, a comunidade da Rocinha assustou-se ontem à noite quando quatro viaturas da Policia Civil chegaram rapidamente perto do Largo do Boiadeiro e os policiais, armados de revólveres, metralhadoras e escopetas, começaram a revistar quem estava nas biroscas, quem passava nas ruas e os carros que desciam ou subiam a Estrada da Gávea. Nem mesmo três ônibus repletos escaparam da revista: os passageiros tiveram de descer e foram revistados e identificados.
A operação fazia parte da nova filosofia de trabalho do diretor do Departamento de Polícia da capital, delegado Paulo Emílio Maia, que quer a Polícia Civil nas ruas investigando e fazendo o policiamento ostensivo. Para os bandidos da Rocinha, foi como um aviso: "Chegamos e vamos voltar outras vezes", disse, um policial. Ao mesmo tempo em que a favela recebia a visita da polícia, outras quatro equipes percorriam a Gávea, Leblon e Ipanema, revistando carros, pessoas e passageiros nos ônibus.
A batida da Polícia Civil começou às 20h30min e saiu da sede da 14ª Delegacia Policial, no Leblon. Eram oito viaturas, com 21 policiais, comandados pelos delegados Cláudio Gonçalves e Gilberto da Veiga Krenkels. Antes da saída, houve uma preleção aos detetives e valeu a ordem: "Sem violência e sem abuso, mas com autoridade. Se alguém sacar, atirem". Na Avenida Ataulfo de Paiva, a caravana se dividiu em duas equipes. A de Cláudio Gonçalves percorreu Leblon e Gávea - sempre revistando pessoas e carros - e foi parar na Estrada da, Gávea, na subida da Rocinha.
Houve surpresa, quando os policiais invadiram as biroscas à margem da estrada e mandaram todos ficarem com as mãos na cabeça e virados para a parede. Enquanto a revista durou - cerca de 20 minutos - o trânsito engarrafou e muita gente reclamou porque queria ver o ultimo capitulo da novela das 8h. Até 22h não ocorreram prisões e a batida se prolongou até as 2h da madrugada de hoje.
