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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Dia Data de Publicação: 14/01/1990 Autor/Repórter:
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LIZETTE, UMA PROSTITUTA QUE CATIVOU O PÚBLICO
Em meio a tantos personagens fictícios e reais que a novela Kananga do Japão (Rede Manchete) retrata nas imediações da Praça Onze, em plena década de 30, existe um que pela singeleza, compreensão e perseverança vem cativando o público. É a Lizette, interpretada pela atriz Elaine Cristina que, apesar de encarnar alguém que está do lado fantasioso da trama, arrisca dizer que "a Lizette tem carteira de identidade, ela existe, ela é".
Aos 29 anos de carreira (ela começou aos 11 anos de idade, em rádio), já tendo passado por diversas emissoras de televisão, inclusive a extinta TV Tupi, onde participou de diversas novelas, entre as quais A Viagem e O Profeta, de Ivani Ribeiro e A Revolta dos Anjos, de Carmem Silva, Elaine revela que em todos esses anos nenhum papel foi tão marcante para ela como o que está fazendo em Kananga, sua 34° novela. "A Lizette é uma personagem pela qual estou absolutamente apaixonada. Ela tem uma alegria de viver que é uma coisa fantástica e tem uma paixão pelo Alex (Raul Gazola) que é algo fora do comum", afirma.
SENTIMENTO HUMANITÁRIO - Para a atriz, os capítulos das novelas não devem ser apenas decorados, mas estudados e, por isso, ela diz que aprende muito com cada papel que interpreta: "Eu não me pareço em nada com a Lizette, mas quando temos de compor uma personagem, acabamos passando alguma coisa nossa, assim como vivemos cada momento que interpretamos."
E como a Lizette é uma prostituta dos anos 30, Elaine procurou fugir da vulgaridade, do óbvio, tentando dar a ela um romantismo que, conforme diz, era muito maior naquela época: "Eu impregnei a Lizette de sentimento humanitário desde o começo da novela e por isso ela pode estar mal-humorada, triste, pode estar feliz amamentando um filho e pode até fazer maldades que as pessoas aceitam. Na rua, todos gostam muito da Lizette e isso me deixa cheia de orgulho porque tentei passar também que prostituta é um ser humano."
Parte da trama amorosa que envolve Alex a Dora (Christiane Torloni) e Letícia Viana (Tônia Carrero), Lizette se situa no triângulo como a mãe dos filhos de Alex, a esposa e a mulher, enquanto que Dora representa a paixão pela qual Alex vive procurando. Letícia, apesar de ser amante de seu marido, segundo diz, não representa perigo para Lizette, já que ela sabe que Alex está atrás do dinheiro da família Viana.
Paulista, regida pelo signo de Touro, Elaine Cristina irradia simpatia nas gravações da novela, onde é bastante procurada pelo próprio elenco para uma boa conversa. Casada há 17 anos com o ator Flávio Galvão, que faz o comandante Dário, em Tieta (Rede Globo), ela conta que os dois assistem democraticamente às duas novelas e que criticam um ao outro quando necessário, mas o maior crítico do casal é sem dúvida o filho, Flavinho, de 14 anos: "Se ele gosta de um trabalho nosso continua assistindo, mas se não gosta diz: 'sinto muito, não gostei, tchau'. E nunca mais vê o tal trabalho."
Segundo Elaine, o filho nunca demonstrou a menor vontade em seguir a carreira dos pais e eles não tentam influenciá-lo, porque, em seu entender, cabe a ele próprio escolher o seu caminho.
Sem religião definida porque acha que seu "contato com Deus sempre foi muito franco e com resposta imediata que não precisa de intermediários", Elaine revela não gostar de fazer planos para o futuro e nem ficar presa ao passado: "Eu vivo o presente", frisa, embora considere que ter esperança no futuro é algo inerente ao ser humano.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 11149