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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Dia Data de Publicação: 21/01/1990 Autor/Repórter: Arthur Laranjeira
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ALGUNS TOQUES SOBRE UMA BOA NOVELA
A Manchete já vive em ritmo de Pantanal, a novela que irá substituir, em abril, Kananga do Japão. Tudo indica que será uma mistura de amor, aventura e ecologia. As gravações correm em rápido movimento. Enquanto isso, o elenco deslumbra-se com a nossa fauna e a nossa flora. Mesmo levando picadas de insetos. Mas o que ainda está no ar é Kananga do Japão, mantendo o excelente nível com que começou e do qual até agora não se desviou. E por isso impondo-se como uma das melhores novelas da televisão brasileira nos últimos anosa Tem tudo para ser a melhor. Mas vamos aguardar o seu final.
Belas imagens, excelente trabalho de reconstituição dos anos 30 revelado em perfeitas maquilagens, figurinos, cenários. Tizuka Yamasaki está levando para a tevê o equilibrado clima das boas produções cinematográficas. Sem, no entanto, deixar de fazer televisão.
A novela também transformou Raul Gazola em novo símbolo sexual. Mas ele está além disso. Apesar de quase sempre superatuar, de ser um ator over, ainda sem medidas para a contenção e um trabalho mais interiorizado. Prefere os gestos largos, o arquear de sobrancelhas.
A beleza de Cristiane Torloni nunca foi tão bem mostrada em nenhuma outra novela. Cuidados dispensados por urna boa direção, iluminação e pelo maquilador Guilherme Pereira, preocupado com cada detalhe dos muitos rostos com que trabalhou, modificando-os durante as várias fases da novela.
Mas tudo indica' que ao chegar ao seu final Kananga do Japão terá encontrado em Elaine Cristina a sua melhor intérprete. Desde o início, ela vem sabendo dar forma, sutileza, vulgaridade, emoção e verdade a sua Lizete. Esta tem sido uma personagem rica e cheia de matizes, mudando várias vezes dentro da trama. E só uma boa atriz consegue dar tanta unidade a esta diversificação. Ela vem lutando por seu papel com uma garra fascinante. E sabe passar para o telespectador as muitas emoções que marcaram a sua personagem. A insegurança de não se saber amada, a rejeição, a cumplicidade, a aceitação do amor possível, a cobrança sutil do desejável, tudo isso Elaine Cristina coloca com clareza e elegância.
Tônia Carrero também vem mostrando bons momentos. Arriscou-se. Enfrentou cenas perigosas, como as com seu amante, Alex, sem, no entanto, cair no ridículo. Mostrou-se mais como atriz e esqueceu um pouco o seu papel de troféu da eterna juventude, o que deixou para os comerciais em que aparece.
Kananga também revelou Cristina de Oliveira, fazendo Hannah, a judia militante do PCB que se apaixona por um goy (não-judeu) e, por interesses da emissora - estará também em Pantanal -, morreu de parto. Prematuramente. Em todos os sentidos. A morte de Chico Viana (Carlos Alberto) já estava prevista na sinopse. .Ele também conseguiu fazer um bom trabalho, sem as canastrices tão costumeiras na época em que fazia par romântico com sua ex-mulher, Yoná Magalhães.
E assim vai prosseguindo Kananga do Japão. Até o seu final nos reservará surpresas. E até lá outros nomes serão comentados. Artistas como Cristiane Torloni, Sérgio Viotti e Zezé Motta e quem mais se destacar.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 11177