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PUC-Rio
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Jornal/Revista: Zero Hora Data de Publicação: 27/12/2009 Autor/Repórter:
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É CAMA DE GATO OU DE COBRAS?
Papo de serpente: Autoras da novela das seis defendem seus vilões, dizendo que eles são muito importantes
Cama de gato ou ninho de cobras? No ar há quase três meses, a trama das seis da Globo, Cama de Gato, mais parece um baú de maldades. Só para ter uma ideia, a reportagem contabilizou seis personagens, além da supermaldosa Verônica (Paola Oliveira), com tendência à vilania e prontos para prejudicar gente do bem, como os mocinhos Rose (Camila Pitanga) e Gustavo (Marcos Palmeira).
Nada mal para um horário em que as histórias costumam ser mais leves. Thelma Guedes, autora do folhetim, explica a opção pelos vilões:
– Eles são fundamentais.
Segundo ela, os antagonistas apimentam a trama.
– São os grandes geradores de conflitos – diz, ressaltando que os verdadeiros maldosos da história já estão mais do que delineados: – Eles são Verônica e Roberto.
O casal, realmente, é capaz de qualquer coisa para se dar bem, inclusive mandar matar o protagonista da história. Entretanto, apesar de a dupla deixar o resto do elenco no chinelo quando o assunto é perversidade, não faltam personagens fazendo jus à denominação de vilões.
Uma que chegou para apimentar a trama foi Kátia (Nívea Stelmann). Com aquela cara de anjo, a menina é um demônio. Tinha a missão de tirar da mansão Julieta e Ferdinando, a mando de Verônica, e cumpriu seu trabalho com maestria.
– Imagina dar todo dia canja no jantar e sopa de chuchu no almoço? Ninguém aguenta. Ela ainda fechava o cardápio com um chá de boldo. É tão cruel que soa engraçado – diz Nívea.
Sua personagem, aliás, traz um tom de comédia, apesar das maldades.
– A Kátia é uma vilãzinha solar. A gente ri dela. Se fosse uma novela das oito, o povo já tinha acabado comigo – conta a atriz.
No mesmo dia em que conversou com a reportagem, Nívea ouviu de um guardador de carros:
– Não vou tomar conta do seu carro, não. Você maltrata velhinhos.
Se Kátia é solar, Heloísa (Emanuelle Araújo) é a inveja em pessoa. A secretária sempre morreu de ciúme da beleza e da disposição de Rose e achou uma maneira de se vingar, sendo capacho de Verônica. A bela tinha desistido do malandro Tião (Aílton Graça), ex-marido de Rose. No entanto, voltou a namorar o desempregado para ser espiã da vilã.
Tanto Kátia quanto Heloísa mostraram desde o começo da trama a que vieram. Não se pode dizer o mesmo de Tião. Todo mundo sabe que ele é malandro e detesta trabalho, mas ninguém esperava que fosse chegar ao ponto de chantagear a própria ex-mulher.
– Tião é cheio de defeitos: é malandro, amoral e preguiçoso. Ele pode cometer atos de vilania, mas sem ter a dimensão real disso – diz Thelma.
Mesmo com a vilania rolando solta com personagens como Severo (Paulo Goulart), que chantageia a própria filha, Verônica, e Adalgisa (Yoná Magalhães), que tenta tirar dinheiro até de pedra, as donas da trama das seis os defendem. De acordo com elas, nem todos os que cometem desvios na história são vilões propriamente ditos.
Vilã, vilã mesmo, daquelas de arrepiar os cabelos, só Verônica.
– Ela é capaz de qualquer coisa para alcançar seus objetivos. É o tipo de pessoa que não gosta de ninguém a não ser de si mesma – diz Paola.
AQUI TAMBÉM TEM - chantageia Severo, que chantageia a filha para calar a boca da amiga. Além de um ninho de cobras, Cama de Gato é também uma verdadeira teia de aranha. Não só os mocinhos, mas também os vilões estão envolvidos.
– Teias de tramas, novelos e rolos é com a gente mesmo, mas essa teia também acontece para o bem. No episódio em que Tião ameaçava denunciar Gustavo, Bené foi uma figura fundamental para proteger o segredo do perfumista. Bené, que ama Taís, que é a melhor amiga de Rose, que ama Gustavo, que era patrão dos pais de Bené. Novela, como a própria vida, é isso – filosofa a autora Duca Rachid.
Como a trama tem ritmo alucinante, muita gente esquece que a história está no começo, menos as autoras, é claro.
– Há tramas que vão surpreender, mas elas não estão ligadas às mudanças de caráter. Gostamos de trabalhar certa ambiguidade nos personagens. A maioria transita nesse universo não maniqueísta: não é totalmente vilã nem totalmente mocinha – comenta Thelma.
Duca acrescenta:
– Nossos personagens podem cometer deslizes e até mesmo errar. O Gustavo é um homem de bom caráter que teve atitudes arrogantes e pouco generosas. Já Alcino, com sua bondade, acabou sem querer empurrando o melhor amigo para uma cama de gato.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 161252