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PUC-Rio
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Jornal/Revista: Jornal do Brasil Data de Publicação: 13/07/1995 Autor/Repórter: João Luiz De Albuquerque
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SANGUE RESPINGA NO BORIS
Com a estréia de Sangue do meu sangue, o SBT. provou ser a mais brasileira das redes: combinou chegar às 19h45 e, numa boa, só deu as caras 23 minutos depois. Belo atraso por esperar o fim da novela da Globo. Manjada e desonesta astúcia mercadológica da TV do Sílvio Santos, que a do Roberto Marinho combate com divertida contrapeçonha: estica o final do seu capítulo para perturbar o desafeto.
Desta vez, a artimanha feriu a credibilidade do respeitável Boris Casoy. Atacou de garoto-propaganda, chamando matéria sobre a estréia de Sangue do meu sangue. Pior, encheu lingüiça no mais puro estilo cerca-Lourenço, porque, no 4, o capítulo não terminava. Oito e sete, e nada de o Jornal Nacional entrar. No que o Boris chamou o bloco seguinte - com uma matéria especial sobre o Robin-Hood da Urca, que quase matou uma criança a flechadas -, na rival começaram a rolar os créditos finais. E agora? Claro, o 11 manteve os comerciais mas, na volta, o Boris Casoy só teve tempo de ler a cabeça da reportagem e dar um acanhado boa noite. Sem as imagens prometidas ou créditos finais do telejornal. De chofre, jorrou nas telinhas o Sangue do meu sangue. Uma vergonha!!!
E a novela, cara? Acreditem, o que veio depois não passou de um anticlímax. Trata-se de um dramalhão de época. Pelo jeito, comportado como a grande maioria deles. Bonito, todo mundo fantasiado - categoria luxo - com moda do século 19, produção bem cuidada, sugere não romper o envelope da mesmice reinante no gênero. Audácia na forma & conteúdo? Nem pensar. Primeiro capítulo é trailer, mas este abusou do excesso. Foi uma pororoca de personagens, situações, ambigüidades, traições, promessas e decepções. Na crista da onda fluvial, a barcaça chamada clichê.
Em 51 minutos, sem interrupções comerciais para evitar o uso do controle remoto, Sangue do meu sangue lançou no ar os seguintes temas: a boa vida da Casa Grande x a barra pesada da senzala; o preconceito racial das dondocas imperiais x o espírito libertário da princesa Isabel; família feliz x família nem tanto; honestidade x corrupção; pai que ignora filho e nem lê suas cartas x filho missivista que sofre com o gelo paterno; briga na escada com marido boêmio x esposa grávida virtuosa = perda do feto + impossibilidade futura de gravidez no santo ventre. Fora a sugestão dos belos chifres anunciados...
Do elenco principal, Osmar Prado está ótimo, Bia Seidl é um deslumbramento, Rubens de Falco acertou o ponto, a surpresa ficou por conta de Jayme Periard e Lucélia é a avó da Amélia do samba com o cenho franzido. E depois dizem que paulista não gosta do Rio: em mãos cariocas, esta cidade nunca se viu tão limpa, arrumada, bem pintada. Dizer que a trilha musical foi o melhor da noite seria maldade. Mas é verdade.
Audiência na estréia:
- 19h45 - média de 12 pontos; 14 no pico
- 21h40 - média de 11 pontos; 13 no pico
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 28837