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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Globo Data de Publicação: 13/07/1995 Autor/Repórter: Rogério Durst
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JEITO DE REPRISE EM 'SANGUE' BOM
Estréia de novela do SBT tem trama à moda antiga'
É aquela história, a gente fala bem de uma estréia de novela e logo logo ela vira "A próxima vítima". Um primeiro capítulo de novela é feito com tempo e cuidado e beneficiado pela expectativa do espectador. Nem sempre esta perfeição de estréia é mantida ao longo dos seis meses, esticáveis, de duração do produto. "Sangue do meu sangue" começou muito bem, num capítulo especial sem anúncios, na última terça-feira, no SBT. Impossível dizer se vai manter o pique. Mas uma novela de época que começa anunciando um filho bastardo, um filho deserdado e um filho adotivo envolto em mistério promete.
"Sangue do meu sangue" é anunciada como adaptação livre da obra de Vicente Sesso. Paulo Figueiredo, Rita Buzzar e Ecila Pedroso assinam esta versão. A história que começou esta semana acompanha o banqueiro Dr. Mário (Rubens de Falco) e seus filhos Júlia (Lucélia Santos), que tem um casamento infeliz com Clóvis (Osmar Prado), e Juca (Guilherme Leme), desgraçado pela bebida, envolvidos numa trama de intrigas familiares e com a escravatura na segunda metade do século passado.
O primeiro capítulo se preocupou mais em apresentar personagens do que em definir a trama. O sério e intransigente Dr. Mário, a sofredora e obstinada Júlia e o canalha rastejante Mário. Conhecemos também a adorada, cínica e adoentada ex-atriz Pola Renon (Bia Seidl) e o honestíssimo e batalhador bancário Carlos (Jayme Periard). Além das apresentações, o primeiro capítulo foi dedicado a uma empolgante, ainda que um tanto escura, seqüência de fuga de escravos.
É injusto julgar o trabalho do elenco logo num primeiro capítulo. Mas Osmar Prado já saiu na frente com um Clóvis maravilhosamente asqueroso. Além do ator, chamou a atenção a reconstituição de época, de encher os olhos. Os cenários e figurinos - direção de arte de Beto Leão e direção de cenografia de João Nascimento Filho - são bonitíssimos. Talvez bonitos demais. Talvez para mostrar o capricho da produção, todas as ruas cenográficas são limpas, todos os figurinos impecáveis e todos os ambientes imaculados. Tudo novinho e limpinho demais. Os serviços de diarista, lavanderia e limpeza pública do século passado não eram assim tão eficazes.
A direção de Henrique Martins e Antonino Seabra e a direção-geral de Del Rangel e Nilton Travesso garantiram aquela narrativa sentimental e antiquada que já virou marca registrada do SBT. Agora é esperar a trama engrenar e o elenco inteiro entrar em cena. Neste último item, aliás, está um dos riscos que corre a novela. Com poucas exceções, os atores de "Sangue do meu sangue" estavam todos em "Eramos seis". O clima de reprise de que o SBT tanto gosta pode ficar mais exagerado do que deveria.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 28841