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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo Data de Publicação: 15/10/1995 Autor/Repórter: Eduardo Elias
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SBT FAZ A FESTA NA ESTRÉIA DE TÔNIA CARRERO EM ''SANGUE''
No 19 dia como Cecile, cunhada de Póla, ela é paparicada por direção e elenco da novela
Enquanto escravos falam ao telefone, republicanos passeiam em meio às câmeras de TV e dragões da independência amarram seus cavalos entre os caminhões. É a rotina de uma segunda-feira na cidade cenográfica do SBT. Mas há algo de diferente no ar. Diretores e produtores caminham apreensivos de um lado para o outro. Tamanha agitação se justifica Tônia Carreiro grava sua primeira participação em Sangue do Meu Sangue.
Depois de muita espera, ela finalmente sai do camarim. Cercada de atenções, Tônia desfila para os flashes dos fotógrafos. Está impressionantemente conservada para uma bisavó de 73 anos. "Você está linda", bajula uma produtora Os olhos da atriz denunciam a satisfação.
Estrela desde os anos 50, ela está de volta à TV Seus mais recentes trabalhos foram o seriado Cupido Eletrônico (só exibido em Portugal) e a novela Kananga do Japão, de 1989, na Manchete. "Dei um passeio pela Globo e ninguém me chamou: então desisti", diz a atriz, sem esconder a mágoa pelo afastamento forçado.
Na primeira versão de Sangue do Meu Sangue, Tônia foi Póla Renon. Hoje, será a cunhada da mesma Póla, interpretada por Bia Seidl. Cecile Renon chega da França. Desce da carruagem e saúda Suzana (Magali Biff), Lourenço (Ewerton de Castro), Conde Giórgio (Marcos Caruso) e Póla (Bia Seidl). A seqüência não passará de 20 segundos no ar, mas demorou duas horas para ser gravada.
Bem-humorada, Tônia não se importa com a demora. Também o diretor Del Rangel está calmo. Pelo menos até a repórter Célia Bravin, do Aqui Agora, lhe perguntar se a atriz veio salvar a novela ele quase parte para a briga Com Tônia, entretanto, o tratamento é bem diferente. O diretor se desmancha em cuidados. "Você precisa de alguma coisa?", pergunta Rangel, beijando a mão da atriz.
Bia Seidl, que diz estar "morta de fome", brinca para justificar o uso de uma estola (cachecol de pele), ecologicamente incorreta. "Nem sei que animal é esse, só sei que já me passaram morto: não tenho nada com isso."
Começam as gravações. Tônia contracena com o figurante Ilidório Peralta, no papel de ministro da Guerra. Difícil dizer quem dá mais trabalho: se o ministro ou a carruagem que, bambaleante, quase derruba a atriz - para desespero do maquiador.
Na primeira tentativa, Peralta vacila. Repetem a cena e ela o chama de Ministro do Exército. Em uma terceira vez, os dois acertam, mas toca um telefone. Até que a cena fica no ponto: "Como você pode ver, Pola querida, cheguei!", diz Cecile. Chegou mesmo. E com tudo.
CONVITE VEIO APÓS BRIGA ENTRE AUTORES - A participação de Tônia Carreiro em Sangue do Meu Sangue, na verdade não começou nesta semana. Iniciou-se com outra novela, a da autoria do dramalhão do SBT.
A trama tem bons ingredientes: uma dupla de adaptadores (Rita Buzar e Fábio Figueiredo) modifica o texto escrito pelo autor (Vicente Sesso) há mais de 20 anos. A audiência despenca e o escritor, ofendido, não perdoa. Critica os novos personagens e protesta contra os recursos dramáticos. Tanto reclama, acaba convidado à assumir a autoria da nova versão. O retorno, rebatem adaptadores, só aconteceu à custa de ameaças jurídicas.
Verdade ou ficção, o fato é que o SBT passou o comando do texto a Sesso. O primeiro capítulo reescrito por ele foi ao ar no último dia 3. A primeira providência foi descartar inúmeras cenas. O segundo passo foi escalar Tônia. "Sou muito amiga dele e o respeito demais", explica a atriz, que adiou a turnê do espetáculo Amigos para Sempre, para dedicar-se ao projeto. "Ele me chamou como um talismã."
Para muitos atores, Sesso não trouxe sorte. Apesar de não ter sido cortada do elenco, boa parte dos intérpretes teve sua importância diminuída na trama.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 29923