PUC-Rio
Jornal/Revista: VEJA Data de Publicação: 22/12/1971 Autor/Repórter:
UM CEMITÉRIO
Se o governo atender ao pedido de cassação da TV Continental, feito na última reunião do Contel (sexta-feira, dia 10), o Rio de Janeiro corre risco de ganhar a fama de cemitério de televisões.
Tinha cinco emissoras funcionando até o final de 1969 e poderá iniciar 1972 com apenas duas em plena atividade: Globo e Tupi. A primeira, no ano passado, foi a Excelsior, fechada depois de um longo período de dificuldades. A TV Rio, em declínio desde 1964, está praticamente parada. A Continental tirou do ar a sua programação em setembro, mantendo apenas emissões periódicas da TV Educativa. Os salários de seus funcionários estão atrasados há mais de um ano, sua falência já foi várias vezes pedida e agora a cassação parece inevitável.
O volume de propaganda não explica a diminuição das emissoras do Rio: é equivalente ao de São Paulo, onde 10 milhões de cruzeiros são gastos por mês, permitindo a sobrevivência de cinco estações. A melhor explicação talvez seja a história de uma das televisões cariocas, a Rio. Criada em 1955, com duas câmaras velhas e um pequeno transmissor, ela conseguiu um único anunciante durante seu primeiro ano, o tônico capilar Tricomicina. Em 1956, sua direção foi entregue a Walter Clark, e em pouco tempo a TV Rio chegou aos primeiros lugares de audiência. Seus programas tinham redatores respeitáveis, como Sérgio Porto, Antônio Maria, Otto Maria Carpeaux, e estrelas como Chico Anísio, Ronald Golias, Paulo Autran, Tônia Carrero, Sérgio Cardoso. O número de seus funcionários chegava a quinhentos.
Em 1964, Clark e sua equipe passaram para a Excelsior e as posições se inverteram até que ele se transferiu para a Globo, hoje a primeira em audiência em São Paulo e Rio.
Mesmo em decadência, a TV Rio talvez tenha a fórmula para a futura sobrevivência na Guanabara. Seus novos administradores (o grupo da Difusora de Porto Alegre) a estão preparando para voltar em março como emissora destinada a um publico selecionado. Dessa forma, terá custos operacionais baixos e lhe bastará uma pequena fatia do bolo publicitário.
Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 42842