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Jornal/Revista: O Estado de S. Paulo
Data de Publicação: 31/08/1997
Autor/Repórter: Ubiratan Brasil

TV BRASILEIRA GANHA AUDIÊNCIA NO JAPÃO

Canal em português exibe programação da Globo e da Band para os 210 mil dekasseguis radicados no país

TÓQUIO - Que tal ver o Terça Nobre na quinta-feira, o Fantástico na segunda ou acompanhar, às 8 horas, o Jornal Nacional, com notícias do dia anterior? Os 210 mil brasileiros que moram no Japão não reclamam. Na verdade, até pagam cerca de US$ 45 por mês para desfrutar desse privilégio. Desde outubro, nisseis e sanseis brasileiros radicados no Japão sintonizam o canal 333 da PerfectTV, do sistema IPC Television Network, corporação que também edita jornais em português no Japão e na Europa.

A programação é diversificada baseada principalmente nos programas da Globo (da Bandeirantes, é exibido apenas o Jornal da Band), traz ainda especiais produzidos nas principais cidades japonesas. "Apesar de sentir falta dos programas feitos no Brasil, nossos espectadores também querem notícias sobre o que ocorre no Japão, principalmente envolvendo brasileiros", diz Edson Xavier, repórter do IPC, que trabalha ao lado do cinegrafista Tomaz Ikeda.

Dekasseguis -Assim, entre uma novela e um noticiário, o programa Em Foco traz, durante meia hora diária, informações sobre a comunidade brasileira, a partir de uma rede de sucursais localizadas em Aichi, Osaka, Gunma e Shizuoka, além da central em Tóquio. A audiência é grande, especialmente a do noticiário policial.

O plano de lançar um canal em português surgiu quando o empresário Yoshio Murarraga notou o crescente comércio japonês de fitas de vídeo com programas brasileiros. A idéia foi solidificada quando analisou determinados números. Em particular, o de seu jornal, International Press, que aumentou a tiragem (hoje beira os 55 mil exemplares). O governo japonês identificou também a forte presença dekassegui no país, com o nascimento de 4 mil crianças por ano, descendentes de brasileiros.

Negociação - Muranaga decidiu fazer contato com Roberto Irineu Marinho, vice-presidente executivo da Globo. Em setembro, depois de uma demorada negociação, conseguiu os direitos de exibição dos programas da emissora.

O investimento inicial foi de US$ 5 milhões, com a montagem, ainda, de uma redação com 40 jornalistas para a produção local. Além do canal 333, exibido em português, o empresário

lançou também o 334, em espanhol.

O canal brasileiro integra o sistema DTH (Direct To Home), que existe na TV paga brasileira (na Net é chamado de Sky e na TVA, de DirecTV). O sinal chega digitalizado, via satélite, a uma miniparabólica de 60 centímetros de diâmetro. O sucesso é crescente: em só em julho, foram vendidos cerca de mil decodificadores.

A programação foi montada em função dos hábitos brasileiros. Assim, a reprise das novelas passa à noite nos mesmos horários do Brasil. Somente o Jornal Nacional entra ao vivo, pela manhã - o Jornal da Band é exibido à tarde.

Como os brasileiros trabalham em diferentes turnos, a solução para manter atenção integral foi programar reprises estratégicas. Assim, as novelas também passam de manhã e o JN é reprisado à noite, em seu horário tradicional.

Os japoneses conhecem o interesse brasileiro pelo jornalismo desde 1995, quando um terremoto arrasou boa parte da cidade de Kobe. Entre as inúmeras consultas feitas por telespectadores às emissoras japonesas, notou-se um grande número de brasileiros, ansiosos por notícias dos cinco brasileiros que morreram no acidente.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 47251