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PUC-Rio
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Jornal/Revista: O Globo Data de Publicação: 03/12/1995 Autor/Repórter: Lílian Fernandes
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CARA A CARA COM A NOVA GABI
Marília Gabriela, jornalista e apresentadora de TV
Seduzida pelo desafio e por um contrato de US$ 1 milhão por ano, assinado no começo de 1995, Marília Gabriela largou um emprego de dez anos na Rede Bandeirantes para estrelar o "Marília Gabi Gabriela" na CNT. Não foi a primeira vez que a jornalista decidiu jogar tudo para o alto e começar de novo. Antes de ir para a Band, onde apresentou os programas "Cara a cara" e "Domingo 10", Marília trabalhou 16 anos na Rede Globo.
— A Globo é tão poderosa que às vezes eu duvidava do meu valor. Precisei sair para confirmar minha capacidade profissional — diz Marília.
Prestes a embarcar de -férias para os EUA, a apresentadora comenta o primeiro ano de seu programa — que vem atingindo entre 3 e 4 pontos de audiência, índice considerado bom para os padrões da CNT — e o projeto de estrelar um talk show nos moldes do extinto "Cara a cara".
O GLOBO — Você está feliz na CNT?
MARÍLIA GABRIELA — Estou, particularmente agora que o cenário está mais enxuto, passei a ter ar condicionada, enfim, está tudo mais profissional. Estreei o programa em 20 dias, no tapa, sem ao menos gravar um piloto. Faltava acertar muita coisa.
O GLOBO — O programa terá mudanças em 1996?
MARÍLIA — Não. O programa já passou pelo prazo de acertos. Temos recebido muitos elogios e já estamos numa fase em que somos procurados por pessoas que querem vir ao programa.
O GLOBO — Qual é a audiência? E o seu público?
MARÍLIA — Saber o Ibope não me interessa. Não quero que nada influencie meu trabalho. Sei que meu público continua sendo o formador de opinião. A diferença é que, na CNT, conquistei outras faixas: tenho a mesma audiência nas classes A, B. D e E. Claro que quanto mais pontos melhor, mas pesa a limitação de audiência da emissora.
O GLOBO — Em algum momento você se arrependeu de ter ido para a CNT?
MARÍLIA — No começo, quando estava preparando o programa, eu não sabia a qualidade do que iria ao ar e como lidar com a estrutura que eu tinha. Fiquei um pouco irritada, mas passou. Meu contrato vai até o final de 1996. Espero que, até lá, a CNT encontre seu caminho e a gente possa renovar.
O GLOBO — Uma estrutura como a da Rede Globo faz falta?
MARÍLIA — Quando entrei para a Globo, ela ainda não era a Vênus platinada. Claro, fiquei na casa o suficiente para pegá-la no melhor de sua estrutura, mas não me arrependo de ter saído: foi bom descobrir que eu existia apesar da emissora.
O GLOBO — É verdade que você foi sondada para voltar à Bandeirantes?
MARÍLIA — Não, não sei de onde tiraram isso.
O GLOBO — Na Band, você criou fama de dama de ferro do jornalismo. Hoje, seu estilo é outro. O que determinou a mudança?
MARÍLIA — O meu programa é mais leve do que o "Cara a cara". Não posso exigir que as pessoas se interessem apenas por coisas sérias às 22h.
O GLOBO — Você pensa mesmo em fazer um novo "Cara a cara" na CNT?
MARÍLIA — Eu ia estrear em outubro, mas, na época, estava passando por uma fase complicada no meu programa: tinha problemas com o som, com a luz, e não quis fazer dois subprodutos. Mas posso pensar nisso para 1996.
O GLOBO — Quando você foi para a CNT, especulou-se multo sobre o seu salário. Isso a incomodou?
MARÍLIA — Chato foi ninguém perguntar por que eu ia ganhar isso. É simples: sou correta no que faço, levo credibilidade e publicidade à emissora e fiz alguns bons gols em 26 anos de carreira.
O GLOBO — Você é rica?
MARÍLIA — Não, eu não guardo dinheiro. Prefiro dar a melhor educação aos meus filhos (Christiano, de 23 anos, e Theodoro, 17) e viajar. Bens imóveis não me interessam.
O GLOBO — Que bens você possui?
MARÍLIA — O apartamento onde moro, em São Paulo; uma casa, em Campos do Jordão, e um Alfa Romeo 95.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 52817